Responsável católico e líder ortodoxo deixaram apelos à unidade entre os cristãos
Lisboa, 14 mai 2024 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa recebeu hoje, no Seminário dos Olivais, Bartolomeu I, patriarca ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), num encontro que considerou “histórico”.
D. Rui Valério saudou o líder ortodoxo, de visita a Portugal, sublinhando a “sede de paz” que se sente no mundo atual.
“Ser reconciliado é o caminho que, como cristãos, temos para oferecer à sociedade de hoje, como forma de vencer a guerra”, apontou o patriarca de Lisboa.
O responsável católico evocou, na sua intervenção, a dimensão histórica do Patriarcado de Lisboa, com grande dimensão “missionária”.
Para D. Rui Valério, é necessário colocar em prática o apelo do Papa Francisco por uma “Igreja em caminho”, ao encontro de “todos os irmãos”.
A saudação, perante membros do clero de Lisboa e a delegação ortodoxa, realçou a importância da unidade dos cristãos, encerrando-se com uma oração por essa causa, confinada à intercessão da Virgem Maria, “ícone da unidade”.
O patriarca de Lisboa tinha citado uma mensagem enviada a Bartolomeu I pelo Papa, no último dia 30 de novembro, em que Francisco observava que “todos os autênticos caminhos para a restauração da plena comunhão entre os discípulos do Senhor se distinguem pelo contacto pessoal e pelo tempo passado juntos”.
Já o patriarca de Constantinopla quis apresentar-se como “um irmão”, afirmando que se sentia “em casa”.
“Amamos a Igreja Católica como uma irmã”, apontou.
Referindo que chegava de um “centro histórico e importantíssimo do Cristianismo”, Bartolomeu I apontou ao 1700.º aniversário de Niceia, primeiro Concílio ecuménico da história da Igreja, adiantando que já convidou o Papa para as celebrações.
Os participantes no Concílio de Niceia abordaram, entre outros temas, a definição da data da Páscoa.
As Igrejas Ortodoxas celebraram a Páscoa, este ano, cinco semanas mais tarde do que os católicos e protestantes, a 5 de maio; em 2025, no entanto, a data coincide, no dia 20 de abril
No século XVI, com a introdução por Gregório XIII do novo calendário, os católicos começaram a calcular a data da Páscoa a partir do agora chamado calendário gregoriano, enquanto as Igrejas do Oriente continuam a celebrar a Páscoa de acordo com o calendário juliano, que era usado em toda a Igreja, antes dessa reforma, e no qual o Concílio de Nicéia também se baseou.
O patriarca ecuménico de Constantinopla apelou ao diálogo fraterno para “resolver o problema” que ainda persiste e impede os cristãos de celebrar juntos a Páscoa, a” maior festa da fé cristã “, no Oriente e no Ocidente.
O líder ortodoxo assumiu uma amizade “sincera” com Francisco, tendo sido o primeiro patriarca ecuménico a estar presente no início solene de um pontificado, no Vaticano, em março de 2013.
Após esse “dia histórico”, Bartolomeu e o Papa estiveram juntos noutras 12 ocasiões, tanto em Roma como em viagens internacionais, incluindo passagens por Jerusalém ou a ilha de Lesbos, junto dos refugiados.
O responsável considerou que o interesse da Igreja Católica pela sinodalidade vai “ajudar muito ao diálogo e ao caminho para a unidade” dos cristãos, refletindo sobre a relação entre o primado e o Sínodo.
O encontro decorreu por iniciativa do Conselho Presbiteral do Patriarcado de Lisboa.
Bartolomeu I está na capital portuguesa para participar Fórum Global do Diálogo promovido pelo KAICIID – Centro Internacional de Diálogo, sobre o tema ‘Construir alianças para a paz’.
A iniciativa reúne, até quinta-feira, responsáveis islâmicos, judeus e cristãos com personalidades políticas e organizações internacionais e das Nações Unidas.
OC