Nota divulgada pelo Patriarcado sublinha necessidade de encontrar «caminhos de serenidade e de paz»
Lisboa, 24 out 2024 (Ecclesia) – D. Rui Valério, patriarca de Lisboa manifestou hoje a sua “consternação” perante a situação de “violência e conflito” em zonas periféricas da cidade, pedindo que se respeitem todas as pessoas e a sua segurança
“O patriarca de Lisboa convida a que se encetem caminhos de serenidade e de paz, fundados no diálogo e no respeito mútuo. Apela também a todos para que se busque sempre o bem comum, que visa também a segurança – um bem muito precioso –, para o bom desenvolvimento da sociedade”, refere uma nota enviada esta noite à Agência ECCLESIA.
Os desacatos desencadeados tiveram início no Zambujal, na noite de segunda-feira, e estenderam-se, desde terça-feira, a outros bairros da área metropolitana, com viaturas e caixotes do lixo vandalizados e incendiados.
O texto começa por evocar “todos os envolvidos nestes acontecimentos”, lamentando profundamente a perda de uma vida e vários feridos que deles resultaram.
Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
D. Rui Valério sublinha que a violência “nunca é o caminho para uma sociedade justa e feliz”.
“O projeto de sociedade que Jesus inaugura funda-se no reconhecimento da dignidade do outro, o que implica necessariamente o acolhimento. Neste sentido, somos todos constituídos construtores da civilização do amor”, acrescenta.
O responsável católico fala de um país “profundamente marcado pela experiência da emigração”, que é hoje “perito na arte de acolher com humanismo todas as pessoas”.
“Os fenómenos de violência são estranhos e esdrúxulos em relação ao que Portugal foi, é e quer ser”, sustenta.
Além do motorista de um autocarro, que sofreu queimaduras graves, alguns cidadãos ficaram feridos sem gravidade e dois polícias receberam tratamento hospitalar, durante a onda de violência dos últimos dias.
António Leitão Amaro, ministro da Presidência, afirmou hoje que o Governo está atento e “a ouvir” as preocupações dos que se manifestam de forma pacífica e admitiu que há muitos portugueses que “não têm ainda o que merecem”.
OC