Lisboa: D. Rui Valério lembra mensagem de Santo António, referência de paz em «tempo em guerra»

Patriarca vai presidir pela primeira vez à festa litúrgica do santo português, um dos mais populares da Igreja Católica

Foto: Agência ECCLESIA/OC

Lisboa, 12 jun 2024 (Ecclesia) – D. Rui Valério vai presidir esta quinta-feira, pela primeira vez, à festa litúrgica de Santo António enquanto patriarca, esta quinta-feira, e partilhou “uma grande admiração”, destacando que o “povo de Lisboa” reconhece ao padroeiro da cidade a sua “transversalidade, abertura, carisma universal”.

“Lisboa é um pedaço de terra que não se deixa confinar por nenhuma fronteira. Tem o mar, depois temos o aeroporto, também os aviões já fazem parte do nosso panorama e da nossa paisagem, e Santo António é isso. É aquele douto, proclamado doutor da Igreja, mas é também o pregador simples”, disse D. Rui Valério, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O patriarca de Lisboa acrescenta que o santo português se dirige a multidões eruditas, “estudadas e competentes”, mas é capaz de se dirigir “a um lago onde estão peixes e proferir um maravilhoso sermão”, quanto mais não seja pelo uso do silêncio, e “Lisboa é esta capacidade de assumir em si algo que pertence ao ADN do catolicismo”.

A Igreja Católica celebra anualmente, a 13 de junho, a festa litúrgica de Santo António, padroeiro da cidade de Lisboa, onde nasceu em 1195, numa casa situada a poucos metros da Catedral.

O jovem Fernando de Bulhões entrou no mosteiro agostiniano de São Vicente, onde viveu durante dois anos antes de integrar a comunidade de Coimbra; em setembro de 1220, Fernando deixou os agostinianos para integrar a ordem dos franciscanos, onde assumiu o nome de António, pelo qual é hoje conhecido, a nível global.

“Na figura de Santo António, não descobrimos apenas uma interessante figura histórica que pertence à Portugalidade, mas também pertence a outros contextos, nomeadamente do centro Europa, onde ele é altamente apreciado e estimado”, desenvolveu o patriarca de Lisboa, na entrevista realizada no Seminário dos Olivais.

No dia 13 de junho, D. Rui Valério preside às principais celebrações litúrgicas das Festas de Santo António na capital portuguesa, à Missa, às 12h00, na igreja de Santo António à Sé, e à procissão pelas ruas de Alfama, às 17h00.

O patriarca de Lisboa explica que “a posição e todas as manifestações de fé e devoção” são uma afirmação da comunhão com Santo António, “com aquilo que ele viveu, com aquilo que ele ensinou”.

“Ele era um franciscano, das intimidades de São Francisco [de Assis]. E, portanto, quanto é intensa, quanto é pujante, essa mensagem que ele tem para mim e para todos nós, neste tempo em que estamos em guerra, em conflito – o Médio Oriente,  a Ucrânia -, a própria humanidade em relação à natureza, à ecologia, como o Papa Francisco tantas vezes tem apelado para esta ecologia integral”, desenvolveu.

D. Rui Valério realça o “momento de comunhão com Santo António”, para que, “em força, ou em virtude, ou ajudados”, as pessoas se sintam “em comunhão uns com os outros, com Deus, em comunhão com o mundo, com o criado”.

Foto: Agência ECCLESIA/HM

O patriarca de Lisboa partilhou também um pormenor que o “tocou profundamente há uns anos”, quando se descobriu que Santo António “era um homem de intensa oração, pelo estado ósseo em que se encontravam as plataformas dos seus joelhos”, para além de “pregador exímio, incansável”.

“Aquilo que torna Santo António e um outro santo interessante, atrativo, é o facto de nós, ao nos aproximarmos deles, ao escutarmos a palavra que pronunciam, ao contemplarmos os gestos que realizam, assumimos a certeza de que estamos na presença de alguém que transporta em si o próprio Deus”, realçou D. Rui Valério em entrevista ao Programa ECCLESIA, emitida hoje na RTP2 (15h00).

Na Itália, Santo António destacou-se como pregador e primeiro professor de Teologia da recém-criada Ordem Franciscana, por São Francisco de Assis; faleceu em 1231 e foi sepultado em Pádua, a sua fama de santidade levado o Papa Gregório IX a canonizá-lo, a 30 de maio de 1232.

Em 1946, Pio XII proclamou-o como “doutor da Igreja universal”, com o título de ‘Doctor Evangelicus’ (Doutor Evangélico); em 2020, por ocasião dos 800 anos da vocação franciscana do santo português, o Papa convidou os católicos a imitar a vida de Santo António, “santo antigo, mas tão moderno”.

“É necessário ver o Senhor no rosto de cada irmão e irmã, oferecendo a todos consolação, esperança e a possibilidade de encontrar a Palavra de Deus sobre a qual ancorar a própria vida”, escreveu Francisco.

HM/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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