Lisboa: D. Rui Valério destaca «força transformadora» da fé

Patriarca encerrou jornada de estudo sobre 1700 anos do Concílio Ecuménico de Niceia, primeiro da história

Foto: Patriarcado de Lisboa

Lisboa, 27 set 2025 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa sublinhou hoje a “força transformadora” da fé crista, encerrando uma jornada de estudo sobre os 1700 anos do Concílio Ecuménico de Niceia, primeiro da história.

“Esta fé, longe de ser uma teoria abstrata, é uma força transformadora. Porque se Cristo é verdadeiramente Deus, então o Evangelho não é apenas uma mensagem inspiradora, mas a presença real de Deus que age e orienta a história. É o Espírito Santo quem dá à Igreja esta capacidade única de recriar o mundo, de gerar sempre de novo esperança, reconciliação e vida”, referiu D. Rui Valério, numa intervenção divulgada pelo Patriarcado de Lisboa.

A Jornada de Estudo e Reflexão ‘1700 Anos do Concílio de Niceia – Celebrar e conhecer a fé’ decorreu no Pavilhão das Galeotas, no Museu da Marinha, com a participação de diferentes oradores e especialistas, numa organização do Instituto Diocesano da Formação Cristã.

“Niceia não é um episódio distante, encerrado nas páginas dos manuais de história. É antes uma pedra angular no edifício da nossa fé. Ao afirmar a plena divindade de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, o Concílio abriu à humanidade inteira o caminho da salvação”, sustentou D. Rui Valério.

O Concílio de Niceia teve a missão de preservar a unidade da Igreja, perante correntes teológicas que negavam a plena divindade de Jesus Cristo e a sua igualdade com o Pai, reunindo cerca de 300 bispos, convocados pelo imperador Constantino, a 20 de maio de 325.

Os participantes acabaram por definir o ‘Símbolo de fé’, o Credo, que ainda hoje se professa nas celebrações eucarísticas dominicais.

“O Concílio de Niceia representou um passo novo na vida da Igreja. Não apenas por definir fórmulas dogmáticas, mas porque mostrou que a fé cristã é inseparável da vida inteira da humanidade”, observou o patriarca de Lisboa.

Aquele ‘Creio’, no início do Credo, quando é a profissão de fé num símbolo partilhado, aponta para algo mais, algo muito maior: passamos do singular ao plural. É aqui que emerge a realidade da Igreja: esta é a grande detentora daquela força capaz de recriar o mundo.”

D. Rui Valério apresentou quatro “desafios” da atualidade: o “apelo à unidade da fé”, a “centralidade de Cristo”, a “missão universal” e a “relação entre fé e razão”.

“Niceia recorda-nos que não há realidade estranha aos planos de Deus. Tudo o que é autenticamente humano pode tornar-se caminho de santidade. E esta é a grande missão da Igreja: proclamar, com palavras e com a vida, que em Cristo a humanidade encontra o seu destino de plenitude”, sustentou.

O programa começou com o discurso de boas-vindas do presidente do IDFC – Instituto Diocesano da Formação Cristã, padre David Palatino, que evocou “um acontecimento que marcou de forma decisiva a vida da Igreja e a sua missão no mundo”.

“O Concílio de Niceia, celebrado no ano 325, permanece como uma pedra angular da nossa identidade cristã: foi nele que a Igreja, iluminada pelo Espírito Santo, proclamou com firmeza a verdadeira fé em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, consubstancial ao Pai”, indicou o responsável, numa intervenção divulgada pelo Patriarcado de Lisboa.

Durante os trabalhos, o padre Isidro Lamelas, da Ordem dos Frades Menores, abordou o tema ‘Niceia – contexto, factos e figuras’ e o cónego Duarte da Cunha falou sobre a temática ‘«Por que importa dizer que Jesus é consubstancial ao Pai?»: a grande afirmação do Concílio de Niceia’.

D. Alexandre Palma, bispo auxiliar de Lisboa, abordou a atualidade de Niceia, antes do painel ‘Da fé à paz: a questão da Páscoa e relações políticas”, com o padre Pedro Lourenço e António Pedro Ribeiro.

O padre Ricardo Figueiredo, do Patriarcado de Lisboa, apresentou o tema ‘Santo Atanásio-Niceia posta à prova’.

Foto: Patriarcado de Lisboa

Após a jornada, D. Rui Valério presidiu à Eucaristia, na Igreja de Santa Maria de Belém, Mosteiro dos Jerónimos.

Na homilia da celebração, o patriarca de Lisboa realçou que a questão da divindade de Jesus estava diretamente ligada à salvação: “Se Jesus, o Nazareno, não é o Verbo de Deus, não é o Filho de Deus, não é Deus, então nós fomos salvos?”.

“Este princípio da salvação era crucial para os Padres, não só porque era central na fé, mas porque representava a vitória e a justificação definitiva de todo o mistério de Cristo. A Igreja existe em função da salvação da humanidade”, assinalou.

OC

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