«Aquilo que tem de acontecer é os jovens no terreno. Julgo que, a partir de um ponto alfa, se vai irradiar às periferias», referiu
Lisboa, 08 jan 2024 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa anunciou, na última quinta-feira, a criação de um centro de jovens, para que a partir do dinamismo que irradiam, seja possível “contagiar, inundar todas as outras dimensões e faixas etárias” da diocese.
“Está planeado instituirmos, criarmos, um centro de jovens, onde eles se reúnem, onde eles se encontram, para viver a sua juventude naquilo que a juventude apela, seja para a espiritualidade, seja para a sua vida académica, seja para a sua vida social. Portanto, um centro onde os jovens possam ser jovens”, revelou D. Rui Valério, citado pelo jornal ‘Voz da Verdade’, falando na primeira sessão do ciclo 2024 dos Encontros de Santa Isabel.
De acordo com o patriarca de Lisboa, este será um centro em que os jovens além de estudarem, se desloquem também “para cultivar, numa posição de conjunto, comunitária, de partilha, uns com os outros, com espaços e momentos de reflexão, de espiritualidade, de aconselhamento, de escuta, de silêncio, de meditação”.
Na sessão, conduzida pela jornalista Maria João Avillez, que teve como tema ‘O encontro com Jesus, uma história de vida. “Manter viva a chama da JMJ’”, D. Rui Valério não avançou prazos para a criação da estrutura para jovens, contudo expressou a vontade de que “seja qualquer coisa como um alfa”.
“Que a partir deste e de todos os outros que já existem – e onde não existem, vamos criar outros – isto irradie por toda a cidade e por toda a diocese”, afirmou.
Segundo o Patriarcado de Lisboa, o bispo destacou que “gostaria que a Igreja de Lisboa fosse uma Igreja que se fosse plasmando à imagem e semelhança exatamente dos jovens!”.
Não vejo outra maneira de o fazer senão assim [com a criação do centro de jovens]. Não chega pronunciarmos discursos, ou congressos, ou convénios ou textos para que isso aconteça. Aquilo que tem de acontecer é os jovens no terreno. Julgo que, a partir de um ponto alfa, se vai irradiar às periferias” – D. Rui Valério
O patriarca de Lisboa salientou ainda o desejo de que o centro de jovens fosse “um lugar onde quem não tem casa, quem não tem teto, quem se sente desamparado, soubesse que, ali, tem sempre uma porta aberta, soubesse que tem sempre, ali, uma mesa onde se possa sentar para saciar a sua fome”.
Para D. Rui Valério, “a dimensão do serviço ao ser humano, de lhe prestar algo para o retribuir à sua dignidade, à sua liberdade como pessoa é extremamente importante”.
O patriarca de Lisboa contou ainda um episódio de uma viagem que realizou ao Médio-Oriente para justificar a aposta nos jovens.
“Uma coisa que me impressiona sempre que vou a Israel – hoje, não se sabe como é que será – é quando chegamos às fronteiras, as pessoas que nos estão a atender, a acolher, normalmente são jovens. Um dia, perguntei a uma pessoa já feita, com mais maturidade: ‘Porquê jovens?’, e ela deu-me uma resposta chocante: ‘São jovens porque o jovem não se corrompe’”, descreveu.
“E por isso eles estavam ali, na vanguarda. É assim que eu sonho que seja também a nossa Igreja com a sua juventude”, desenvolveu.
Perante a questão “Como pode hoje a Igreja partir apressadamente, como pode o pastor levá-la consigo, dividida e em crise, aproveitando a responsabilidade da herança da Jornada Mundial da Juventude?”, D. Rui Valério respondeu com a definição daquilo que é uma Igreja missionária.
“Uma Igreja missionária é uma Igreja que vive o problema do homem, do ser humano, vive descentrada de si. É uma Igreja que quer restituir a alegria àqueles que têm medo de si próprios, que têm medo de sonhar e, em última análise, têm medo até de Deus”, realçou.
Não há Igreja missionária sem mundo. Uma Igreja missionária é uma Igreja que vive e que quando tem de falar de si fala dos problemas das pessoas”
Sobre o futuro da Diocese de Lisboa e aquilo que deseja renovar, o patriarca abordou a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, dizendo que a Igreja em Portugal, em especial a de Lisboa “recebeu uma graça imensa, incomensurável” ao perceber que a Igreja é jovem “mesmo que seja protagonizada e vivida por ‘jovens’ de 70 ou 80 anos”.
“A Jornada Mundial da Juventude tem que continuar a ser, cada dia do ano, o que foi: entusiasmo, capacidade de surpreender, genuinamente acreditar, esperança, mas depois esta capacidade de servir, ir ao encontro de quem necessita, estar atentos a ele”, salientou.
Como segunda prioridade da diocese, o patriarca frisou o “revitalizar, o revalorizar a caminhada da santidade das pessoas”.
Os encontros de Santa Isabel 2024 têm como tema geral “Empreendedores de sonhos, construtores de Paz”, estando agendadas as próximas sessões para dia 11, 18 e 25 de janeiro, às 21h30, no Auditório da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa.
LJ/OC