Lisboa: D. Alexandre Palma quer «continuar a ser teólogo» e a reconhecer-se «não pelo poder» mas «pela liderança»

Bispo auxiliar de Lisboa é o presidente da Direção da Fundação JMJ, que vai continuar a «fazer bem à sociedade, à Igreja»

Lisboa, 20 Jul 2024 (Ecclesia) – D. Alexandre Palma, nomeado bispo auxiliar de Lisboa, afirmou que o “trabalho da reflexão teológica” é decisivo para a vida a Igreja, disse que a Fundação JMJ 2023 vai continuar “fazer bem à sociedade” e quer reconhecer-se “pela liderança”.

“Um bispo, nos tempos de hoje, não se deve reconhecer pelo poder, mas acho que se deve reconhecer pela liderança. Separaria as duas coisas, porque o povo de Deus espera isso dos seus bispos, precisa disso”, afirmou o novo auxiliar de Lisboa, em declarações à Agência ECCLESIA.

D. Alexandra Palma vai ser ordenado bispo este domingo, no Mosteiro dos Jerónimos, assim como D. Nuno Isidro, nomeados bispos auxiliares de Lisboa pelo Papa Francisco no dia 14 de junho.

Para o professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, as lideranças na Igreja Católica devem aprender com “todas as formas de liderança”, sem negligenciar “a especificidade” da liderança eclesial, nomeadamente a episcopal, que está relacionada com a “raiz essencial do que é este ministério, como qualquer outro na Igreja, que tem uma razão de ser, que é a identificação com Jesus”.

D. Alexandre Palma considera que ser bispo deve ser entendido “na lógica vocacional”, de Deus que “chama por intermédio das suas mediações”, como acontece em “qualquer ministério da Igreja”, e espera continuar a “pensar teologicamente”.

Eu não me saberia de outra forma senão a continuar a ser teólogo, a pensar teologicamente e a querer fazê-lo”.

Par ao bispo auxiliar de Lisboa, que vai continuar a ser professor na Faculdade de Teologia da UCP, onde valoriza o ambiente de “comunidade académica diversificada” entre as várias faculdades, é “decisivo” para a Igreja Católica a “capacidade de dialogar, de escutar, de argumentar, de conhecer”.

“Este trabalho da reflexão teológica, crítica, fundamentada, interpretativa, tentar ler e interpretar os sinais dos tempos, os contrassinais dos tempos, pensar a vida, pensar o mundo, pensar a nossa essência à luz da fé, que é verdadeiramente uma tarefa teológica, é algo, não apenas que eu gosto de fazer, que é importante para a universidade, mas que é decisiva para a nossa hora de Igreja”, sustentou.

Referindo-se à Fundação da Jornada Mundial da Juventude, de que é presidente da direção, D. Alexandre Palma disse que “é um projeto fascinante”, que “beneficia de todo um capital e de uma memória muito feliz do que foi a JMJ, em Lisboa” e constitui “uma alavanca muito forte” para continuar “a fazer bem à sociedade, à Igreja”.

“Ela não vai distribuir os seus proveitos, ela vai distribuir o rendimento dos seus proveitos – parece a mesma coisa, mas não é – e essa distribuição far-se-á por via de projetos, por via de protocolos com entidades parceiras, com uma geografia local, nacional e internacional, com alguma atenção à vida da Igreja, mas também com a largura da própria sociedade portuguesa, das suas necessidades, sempre focado na promoção da infância e da juventude, que é o foco, o objetivo com que a Fundação”, afirmou.

D. Alexandre Palma disse que a direção da Fundação JMJ não vai “procurar o rendimento a qualquer preço”, referindo que o “objetivo não é o rendimento”, mas “o apoio às entidades”.

Para podermos apoiar é que temos que ter algum rendimento. Fá-lo-emos sempre com as devidas balizas éticas e, obviamente com uma inspiração evangélica, procuraremos fazê-lo no melhor do que formos capazes”.

A entrevista aos novos bispos auxiliares de Lisboa D. Alexandre Palma e D. Nuno Isidro vai ser emitida no programa 70×7 deste domingo, emitido esta semana pelas 07h30, hora em que fica disponível a versão integral de cada uma das entrevistas.

Para D. Alexandre Palma, a “missão essencial” do bispo é “o anúncio do Evangelho”, traduzido em desafios que passam pela “construção da própria vivência comunitária e eclesial aberta ao mundo”.

“Nós vivemos um tempo em que, de facto, a dinâmica de construção de pontes, de estabelecer comunhão, de escutar, mas também de ser capazes de afirmar, são intensas, é de uma necessidade muito vivida e, portanto, creio que muito se espera, muito se pede a um bispo, auxiliar ou outro neste sentido”, sustentou.

D. Alexandre Palma disse na entrevista à Agência ECCLESIA que vai acompanhar sobretudo as paróquias da área da cidade de Lisboa, sendo-lhe posteriormente confiadas “algumas áreas da ação pastoral da Igreja no Patriarcado de Lisboa”.

A ordenação episcopal de D. Nuno Isidro e D. Alexandre Palma vai ter lugar no dia 21 de julho, às 16h00, na igreja de Santa Maria de Belém, Mosteiro dos Jerónimos, sob a presidência de D. Rui Valério, patriarca de Lisboa; a celebração vai ter os cardeais D. Manuel Clemente e D. José Tolentino de Mendonça como  bispos co-ordenantes.

PR

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Agência ECCLESIA

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