«Hoje, a Igreja não celebra apenas o passado, mas reconhece um testemunho que permanece» – D. Rui Valério

Lisboa, 18 dez 2025 (Ecclesia) – O cónego Francisco Crespo (Diocese de Lisboa) celebrou hoje os seus 60 anos de ordenação sacerdotal, a Eucaristia foi presidida pelo patriarca, na igreja São Vicente de Paulo, na Serafina, no Parque de Monsanto, local visitado pelo Papa Francisco.
“Ao longo destes sessenta anos, o ministério do Padre Crespo desenvolveu-se com esta convicção profunda: Deus está dentro da história, caminha com o seu povo, partilha as suas alegrias e tristezas, e quer salvar o mundo a partir de dentro”, disse o patriarca de Lisboa, na homilia enviada à Agência ECCLESIA.
D. Rui Valério afirmou que o sacerdócio do cónego Francisco Crespo “nunca se confinou a metas meramente contingentes”, nem se reduziu a uma ação religiosa desligada da vida, mas fez da vida concreta das pessoas — “sobretudo dos mais frágeis, pobres e esquecidos — o lugar privilegiado da presença de Deus”.
O padre Francisco Crespo celebra sessenta anos de ordenação sacerdotal esta quinta-feira, dia 18 dezembro, a Eucaristia foi celebrada na igreja São Vicente de Paulo, no bairro da Serafina, onde o aniversariante, pároco de São Vicente de Paulo, “tem desenvolvido uma importante obra social”, há mais de 40 anos.
“À luz do Natal e da Páscoa, dois polos inseparáveis da fé cristã, o Padre Crespo configurou o seu ministério. Do Natal aprendeu que Deus se revela na debilidade de uma criança deitada numa manjedoura; da Páscoa recebeu a certeza de que a entrega total, até à cruz, é caminho de vida nova”, destacou o presidente da celebração, de quem reconfigurou realidades sociais e “gerou futuro onde parecia não haver esperança”.
“As suas obras nasceram porque deixou mais espaço a Deus do que a si mesmo. São mais Evangelho do que estatutos, mais fé do que estratégia, mais amor do que segurança”; “são obras teológicas, porque falam de Deus.”
O Papa Francisco visitou o centro social e paroquial de São Vicente de Paulo, situado no Parque de Monsanto, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude na capital portuguesa, a JMJ Lisboa 2023.
“Quem se senta à mesa do Centro de São Vicente de Paulo recebe mais do que alimento: recebe dignidade, recebe pertença, recebe partilha. Quem entra no Lar não encontra apenas um quarto, mas a casa do coração de uma comunidade que acolhe. Quem é acompanhado no Centro para Deficiência não encontra apenas um espaço funcional, mas proximidade, ternura e reconhecimento. E os jovens marcados pela exclusão descobrem que a sua vida pode crescer até à «estatura de Cristo»”, diferenciou o patriarca de Lisboa, referindo-se às valências desta IPSS na Serafina.
O patriarca de Lisboa salientou que as leituras proclamadas na Eucaristia ajudam a compreender “o sentido profundo desta celebração”, e destacou que os tempos inaugurados por Jesus Cristo “são tempos de justiça e de paz, desejados, preparados e oferecidos a toda a humanidade”: “abertos à história concreta dos homens e das mulheres, às suas esperanças, às suas dores, às suas lutas quotidianas”.
D. Rui Valério acrescentou que o sacerdócio do padre Francisco Crespo se inscreve como “uma participação concreta nesta nova e eterna Aliança inaugurada por Cristo”, e não “como uma função”.
“Celebramos hoje um tempo de graça. Sessenta anos de sacerdócio não são apenas uma marca cronológica; são, sobretudo, a memória viva de uma história atravessada por Deus; hoje, a Igreja não celebra apenas o passado, mas reconhece um testemunho que permanece.”
O cónego Crespo, filho mais novo de 13 irmãos, nasceu no dia 14 de novembro de 1940, em Cardoso, Arrabal, na Diocese de Leiria; entrou no Seminário dos Missionários da Consolata, em 1951, e foi ordenado sacerdote “exatamente 10 dias depois do encerramento do Concílio”, a 18 de dezembro de 1965; e celebrou a Missa Nova em Arrabal, a 20 de julho de 1966.
“Damos graças a Deus por este sacerdócio vivido «por amor». Amor que vem de uma infância marcada pela pobreza digna, pela oração perseverante, pela fé simples de uma família numerosa”, salientou D. Rui Valério.
CB/OC
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