«A recordação daquele extermínio de milhões de judeus e pessoas de outras religiões não pode ser esquecida nem negada» – Papa Francisco
Lisboa, 26 jan 2023 (Ecclesia) – A Embaixada de Itália e o Instituto Italiano de Cultura de Lisboa vão assinalar esta sexta-feira o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, homenageando também o padre Joaquim Carreira, com um concerto no Museu da Música.
O sacerdote português recebeu a título póstumo, em 2015, o reconhecimento de ‘Justo entre as Nações’, pela sua “ação de proteção e salvamento de judeus italianos e refugiados” durante a II Guerra Mundial (1939-1945), enquanto reitor do Colégio Pontifício Português de Roma.
“Concedi asilo e hospitalidade no colégio a pessoas que eram perseguidas na base de leis injustas e desumanas”, escreveu o padre Carreira, no relatório da atividade do Colégio.
O concerto, com o ‘Artemisia String Trio’, tem entrada livre e começa às 18h00, desta sexta-feira, no Museu da Música (estação de Metro Alto dos Moinhos), em Lisboa.
As músicas foram orquestradas por Anton Giulio Priolo, para o trio de cordas Artemisia String, o compositor que é filho de Luigi Priolo, o último refugiado ainda vivo acolhido pelo padre Joaquim Carreira no Colégio Pontifício Português, em 1943-1944, durante a ocupação nazi de Roma.
Este concerto, no contexto do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, é promovido pela Embaixada de Itália em Portugal e pelo Instituto Italiano de Cultura de Lisboa, em colaboração com a Associação Hagadá – Tikvá Museu Judaico de Lisboa e o Museu Nacional da Música.
No concerto vão intervir o embaixador de Itália, Carlo Formosa, o diretor do Instituto Italiano de Cultura de Lisboa, de Stefano Scaramuzzino, e a presidente da Associação Hagadá – Tikvá Museu Judaico de Lisboa, Esther Mucznik.
Um comunicado enviado à Agência ECCLESIA informa ainda que o Trio Artemisia String, durante a estadia em Lisboa, vai participar na gravação de um documentário dedicado ao Padre Joaquim Carreira.
O trabalho telivisico conta com uma entrevista a Luigi Priolo, dos jornalistas António Marujo e Joaquim Franco, que vai ser exibida, durante o mês de fevereiro, na TVI, ficando depois disponível online.
A 4 de setembro de 2014, pelo seu Departamento dos Justos, o ‘Yad Vashem’, Memorial do Holocausto de Jerusalém, decidiu outorgar o título de ‘Justo entre as Nações’ ao padre Joaquim Carreira, vice-reitor e reitor do Colégio Pontifício Português, de Roma, entre 1940 e 1954
O sacerdote católico nascido em 1908 numa aldeia próxima de Fátima, um ordenado padre em 1931 e formado na pilotagem de aviões; em 1940, em plena II Guerra Mundial, mudou-se para Roma, que viria a ser ocupada pelos nazis em setembro de 1943, e ofereceu abrigo a várias pessoas perseguidas pelos nazis, incluindo três membros da família Cittone.
O título de ‘Justo entre as Nações’ é usado pelo ‘Yad Vashem’ para designar as pessoas que salvaram judeus durante o Holocausto, arriscando as suas próprias vidas e é a maior distinção concedida por Israel a pessoas que não professam a fé judaica.
Monsenhor Joaquim Carreira é o quarto português a ser declarado ‘Justo’, depois de Aristides de Sousa Mendes, o cônsul português em Bordéus; Carlos Sampayo Garrido, embaixador de Portugal na Hungria; e José Brito Mendes, operário português casado com uma francesa e residente em França, que salvou uma menina, filha de judeus.
O Papa evocou esta quarta-feira a celebração do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, no final da audiência geral pública.
“A recordação daquele extermínio de milhões de judeus e pessoas de outras religiões não pode ser esquecida nem negada. Não pode haver compromisso constante em construir juntos a fraternidade sem primeiro dissipar as raízes do ódio e da violência que alimentaram o horror do Holocausto”, realçou Francisco.
CB/OC