D. José Policarpo destaca papel das «verdades religiosas» em debate sobre fê e ciência
Lisboa, 23 mar 2012 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, afirmou que a importância dos feriados religiosos decorre da sua importância histórica e tradição no país.
“Religioso ou não religioso, o problema é saber se estas celebrações correspondem a um dado da nossa História, da nossa comunidade cultural, da nossa tradição. E se perdermos isto, não há verdade que salve”, referiu D. José Policarpo, esta quinta-feira, durante um debate no Instituto Superior Técnico.
O Governo português apresentou ao Parlamento uma proposta de lei com alterações ao Código de Trabalho que prevê a exclusão de dois feriados civis, 5 de outubro e 1 de dezembro, e dois religiosos, ainda por definir, em negociações com a Santa Sé.
Num encontro dedicado sobre a questão ‘Fé e Ciência: o diálogo é possível?’, o patriarca de Lisboa destacou que as verdades religiosas “só têm subsistência se a comunidade enquanto tal, ao longo dos séculos, as assumiu como vindas do Transcendente”.
“Qualquer fé se traduz, inevitavelmente, em verdades, quer em verdades teológicas, quer em consequências existenciais, a que nós regularmente chamamos morais”, afirmou o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, citado pela RR.
Segundo D. José Policarpo, “uma pessoa pode ser um grande cientista e um grande crente”, se “tiver uma abertura humana à beleza e à felicidade total que não se esgota na verdade de um laboratório ou de uma equação matemática”.
O cardeal-patriarca considerou, por outro lado, que a fé não pode ser analisada ao microscópio, frisando que “há verificações que não se podem fazer nos laboratórios”.
“O impacto de uma experiência religiosa de contacto com Deus não se pode fazer nos laboratórios e não se pode negar. É uma página grandiosa da história da humanidade das diversas religiões a grandeza das experiências místicas”, observou.
RR/OC
