Lisboa: Cardeal-patriarca refletiu sobre a encíclica «Laudato Sí» com agricultores do Oeste

Bombarral, Lisboa, 14 mar 2016 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa participou num encontro com agricultores de “partilha de saberes e preocupações e diálogo”, promovido pela Ação Católica Rural (ACR) e a Casa do Oeste à luz da Encíclica papal ‘Laudato Si’, no Bombarral.

“O que tivemos a fazer ver uns aos outros, sobretudo, os profissionais dos diversos ramos da agricultura e produção, manifestaram as suas potencialidades e os seus problemas. Depois implica, para quem é cristão, e para quem tem presente o pensamento social cristão, uma maneira de julgar, uma série de critérios para face à realidade e aos seus problemas criar melhor futuro”, disse D. Manuel Clemente à Agência ECCLESIA.

No Teatro Eduardo Brazão, no Bombarral, o cardeal-patriarca de Lisboa observou que este é um “contributo” que a ACR “pode, deve dar e, felizmente, dá” no Oeste, onde “permanece viva e ativa” e proporciona encontros que “não são fáceis de acontecer”.

“O primeiro passo é exatamente este, encontrarem-se os intervenientes, ouvirem-se, analisarem melhor as situações com outro conhecimento, mais enriquecido, e saírem daqui com hipóteses de resolução, quer ao nível das suas empresas, autárquico, quer ao nível nacional”, desenvolveu.

Segundo D. Manuel Clemente, que é natural de Torres Vedras, o Oeste “está sempre vivo e forte”, mas com problemas que também fazem parte dessa “existência” porque as condições de vida, de produção, consumo e trabalho “todas mudam muito” e a ARC “criou uma oportunidade de exercitar o seu método”.

A professora universitária Ana Cristina assinalou que a sustentabilidade e a rentabilidade económica “é um desafio grande” e a região do Oeste tem uma “capacidade produtiva muito grande”, sendo “interessante” do ponto de vista de temperatura, do ambiente e “da diversidade de culturas”.

“Há um esmagamento muito grande dos preços da produção, um abaixamento drástico na produção agrícola e animal que se traduz no abandono, e alteração da paisagem, pelo abandono da prática agrícola”, alerta a consultora agroalimentar.

Num encontro sob o mote da encíclica ‘Laudato Sì’, a docente na Escola de Saúde do Politécnico de Leira destaca que, hoje em dia, as práticas são o “mais corretas possíveis na sustentação do ambiente”.

O impulsionador da Fundação João XXIII – Casa do Oeste, parceiro nesta iniciativa, comentou que não iam “resolver os problemas do mundo” mas fazer o “possível e viável neste tempo”.

O padre Joaquim Batalha adiantou que, na preparação do encontro, tiveram em consideração “realidade cada vez mais dura para os pequenos agricultores”, que são fiéis das igrejas nessa região.

Segundo o prelado, que foi o assistente da ACR da Diocese de Lisboa, o encontro foi, praticamente, uma visita pastoral do bispo “ouvir e ver os problemas das pessoas, as situações” e poder dar “palavras de esperança”, e o estímulo que o Papa partilhou na Encíclica ‘Laudato Sí’.

“Estes homens, estas mulheres trabalham a agricultura e desenvolvem o meio rural, dão um ambiente humano que todos precisamos para habitar dignamente. Era bom que se apresentasse e nos transmitisse essa mensagem que é desconhecida da maior parte das pessoas”, acrescentou ainda o padre Joaquim Batalha.

A Ação Católica Rural (ACR) e a Fundação João XXIII – Casa do Oeste que promoveram este encontro alertam que Portugal tem uma “grande carência” de produtos agrícolas de qualidade, diversificados, que “satisfaçam o consumidor e a preços mais razoáveis” mas “sentem-se esmagados” pelas grandes superfícies comerciais.

HM/CB

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