Na homilia da Missa Crismal, D. Manuel Clemente pediu ao clero para «corrigir» desiquilíbrios e desigualdades
Lisboa, 13 abr 2017 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa lembrou hoje todos quantos continuam caídos em situação de “fragilidade e pobreza” e que têm de ser cuidados com “solidariedade”, durante a Missa Crismal na Sé.
Numa mensagem particularmente dirigida aos sacerdotes de Lisboa, D. Manuel Clemente recordou a missão do clero em não se “acomodar” nem “desistir”, mas ser “resposta” em conjunto com “concidadãos e instituições sociais e estatais”, no sentido de “corrigir” desiquilíbrios e desigualdades.
“Há quem não encontre trabalho, quem o tenha precário e quem o perca, para si e para sustento dos seus. Há quem tenha tecto e comida mas não tenha vizinhança nem companhia. Estas e outras são carências à espera de Evangelho”, salientou o cardeal-patriarca, invocando também os muitos homens e mulheres da cidade de Lisboa que “continuam sem abrigo”.
Durante a homilia da Missa Crismal desta Quinta-feira Santa, publicada pelo gabinete de comunicação do Patriarcado de Lisboa, D. Manuel Clemente alertou ainda para a “manipulação” que marca a sociedade atual, em primeiro lugar no que toca ao entendimento da pessoa humana e à relação com o corpo.
Segundo o responsável católico, vive-se num tempo em que a “apetência individual” parece ser “critério” e “norma”, alavancada pelo avanço da ciência e da tecnologia.
“Apetece-me, é tecnicamente possível, logo tenho direito”, descreveu o cardeal-patriarca de Lisboa, que frisou que não se pode olhar para a vida e para a natureza humana dessa maneira.
“O corpo é a pessoa em relação. E não uma coisa que se mantenha ou elimine, transforme ou manipule por bel-prazer ou capricho. Da concepção à morte natural de cada um, o corpo sinaliza-nos sempre como alguém. E faz-nos acontecer como pessoas. E só assim existe civilização, como vida positivamente conjugada”, acrescentou.
D. Manuel Clemente denunciou o "reducionismo ético" que se faz sentir também na informação, nos meios de comunicação social, cujos títulos puxam muitas vezes para um “alarmismo” desadequado.
“Quando se trocam notícias fundamentadas por títulos mais ou menos estrepitosos, puxando a atenção pela rama e pondo em causa a verdade”, apontou o cardeal-patriarca de Lisboa.
JCP