D. Manuel Clemente partilhou escritos do falecido bispo auxiliar, que viveu doença oncológica como «nova missão»
Lisboa, 05 nov 2022 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa evocou hoje o testemunho do “grande cristão” D. Daniel Henriques, bispo auxiliar do Patriarcado, que faleceu esta sexta-feira, aos 56 anos de idade.
“Foi um grande cristão, que tivemos a graça de conhecer tão de perto”, disse D. Manuel Clemente, na homilia da Missa Exequial, a que presidiu na Sé de Lisboa.
“Sentimo-lo presente e com ele continuaremos a contar no futuro, porque a caridade – e a caridade pastoral, no seu caso – nunca acabará”, acrescentou.
D. Daniel Henriques, que se encontrava internado numa unidade de Cuidados Paliativos, faleceu na madrugada de sexta-feira, vítima de doença oncológica.
No início da celebração foi lida uma nota que o bispo auxiliar deixou, sobre a escolha dos cânticos da Eucaristia, bem como uma mensagem do Papa, que manifestou “grande pesar” pela morte do responsável católico.
“Gostaria que esta hora fosse celebrada por todos como a entrada jubilosa na vida”, escreveu D. Daniel Henriques.
A cerimónia contou com a presença de dezenas de bispos portugueses, sacerdotes, familiares do falecido bispo e autoridades civis.
D. Manuel Clemente iniciou a sua homilia com uma reflexão sobre a “expressiva” imagem do “Bom Pastor”, que se aplica a Jesus Cristo, que “conhece as suas ovelhas, todas e cada uma” e “cuida especialmente das mais frágeis, indo buscar a que se perde, chegando ao ponto absoluto de, por elas, dar a própria vida”.
O patriarca de Lisboa recordou que o episcopado de D. Daniel Henriques “foi muito marcado pela doença que surgiu”, um cancro “particularmente agressivo” que viveu “numa atitude inteiramente pascal”.
O cardeal partilhou, visivelmente emocionado, alguns textos escritos pelo falecido bispo sobre o seu percurso de vida, ao serviço da Igreja, desde a formação no seminário à nomeação episcopal, pelo Papa Francisco.
“Muitos me falam em pedir um milagre, o milagre da minha cura, mas para mim, Senhor, este milagre já se realizou. Melhor, é um milagre em progresso, que se renova com o passar dos dias e dos meses”, escrevia D. Daniel Henriques, num retiro de Quaresma deste ano.
Segundo D. Manuel Clemente, o bispo auxiliar de Lisboa viveu a doença como ocasião para exercer “a proximidade com quem mais sofre, o testemunho e a confiança na adversidade”, bem como a “certeza pascal da vitória da vida sobre a morte”.
Fizeste-me compreender que esta doença é uma nova missão que me convidais a abraçar, uma missão específica dentro do chamamento ao episcopado. Também isto me trouxe grande paz no Senhor: não encarar esta doença como uma limitação no ministério episcopal, mas como uma forma de exercer o episcopado” – D. Daniel Henriques.
O cardeal-patriarca de Lisboa convidou todos a aprender com o falecido bispo a viver “em ação de graças”.
“Quem vive e fala assim, já conhece tudo o que Deus nos oferece em Cristo, seja a nossa vida o que for e como for. Por isso mesmo, a fecundidade do ministério do nosso querido Daniel foi tão grande, e assim continua a ser, irradiando a Páscoa de Cristo”, declarou.
No final da Missa, a família de D. Daniel Henriques leu uma mensagem, agradecendo a possibilidade de viver, em Igreja, “este momento onde a dor e a consolação da fé se entrelaçam”.
Após a Eucaristia, o corpo segue para a igreja paroquial de Santo Isidoro, onde chega pelas 16h00, sendo sepultado no cemitério local.
Natural de Ribamar, Paróquia de Santo Isidoro e concelho de Mafra, Daniel Batalha Henriques nasceu em 1966, foi ordenado diácono em 1989 e padre no dia 1 de julho de 1990, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
Nomeado bispo auxiliar de Lisboa, com o título simbólico de ‘Acquae Tibilitane’ (antiga diocese no território da atual Argélia), a ordenação episcopal decorreu no dia 25 de novembro de 2018, no Mosteiro dos Jerónimos.
PR/OC
Óbito: Faleceu D. Daniel Henriques, bispo auxiliar de Lisboa