«Algumas das obras que estão para ser comentadas têm a ver com pessoas que perderam a memória» – Maria Luísa Ribeiro Ferreira
Lisboa, 10 jan 2024 (Ecclesia) – A Capela do Rato vai promover a nona edição do Curso de Filosofia, Literatura e Espiritualidade, com o tema ‘Os Vastos Palácios da Memória’, em 13 sessões, de janeiro a abril, às segundas-feiras, das 18h30 às 20h00.
“A particularidade é explorarmos o tema da memória, da recordação, tal como ele tem sido perspetivado nestas três perspetivas que se têm mantido sempre ao longo de todos os cursos, ou seja, é sempre o curso da Filosofia, Literatura e Espiritualidade”, disse a coordenadora científica do curso, em entrevista à Agência ECCLESIA.
Maria Luísa Ribeiro Ferreira, professora catedrática da Filosofia, considera que o tema do curso, ‘Os Vastos Palácios da Memória’, “move muita gente”, a si particularmente porque “a data altura” começa também “a ficar esquecida”: “Nós temos uma visão da nossa vida, do nosso passado e do modo como filósofos, escritoras, teólogos, pensaram realmente esta faculdade que é tão importante para nossa identidade”.
O Curso de Filosofia, Literatura e Espiritualidade 2024, promovido pela comunidade da Capela do Rato, em Lisboa, vai começar no dia 15 de janeiro e termina a 22 de abril; esta nona edição vai ter 13 sessões, sempre entre as 18h30 e as 20h00, às segundas-feiras.
Em cada semana um orador vai apresentar um livro, “que no final é discutido” com os participantes, na primeira sessão Maria Luísa Ribeiro Ferreira vai falar sobre ‘Memórias de Uma Menina Bem Comportada’, de Simone de Beauvoir, a entrevistada lembra que o curso é divulgado antes para as pessoas conseguirem ler ou reler as obras, é “muito mais interessante ouvir falar de coisas” e torna os diálogos “muito vivos”.
Para esta edição dedicada aos ‘Vastos Palácios da Memória’ foram escolhidas obras de Umberto Eco, Simone Beauvoir, Etty Hillesum, Pascal, Platão, Thomas Merton, Paul Ricouer, Fernando Dacosta, Adélia Prado, entre outros.
“É engraçado que algumas das obras que estão aqui para ser comentadas têm a ver com pessoas que perderam a memória. Por exemplo, na obra do Humberto Eco, que é ‘a misteriosa chama da Rainha Loana’, é alguém que se sente completamente sem chão, não se lembra da mulher, dos filhos, da casa que habitava, mas, aos poucos, vão-se criando pontos de luz e no final há uma reconstituição da personalidade”, explicou a coordenadora científica.
A responsável pelo Curso de Filosofia, Literatura e Espiritualidade destaca que com esta formação se “criaram novos amigos da Capela do Rato”, a comunidade da capela de Nossa Senhora da Bonança acolhe “um público completamente diferente, um público muito alargado”, porque quem assiste “não são necessariamente as pessoas que vão à Missa”.
“Acho que também é um fator de sociabilidade importante e um fator que leva a que as pessoas pensem, porque muita gente até nem é praticante, que a Igreja tem preocupações de ordem cultural, de ordem vivencial no caso de certas faculdades, como é, por exemplo, este do caso da memória, e que é sempre enriquecedor para partilharmos essas diferentes experiências”, desenvolveu Maria Luísa Ribeiro Ferreira, em entrevista ao Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2.
O nono Curso de Filosofia, Literatura e Espiritualidade, como em edições anteriores, vai funcionar em duas modalidades – presencial e online, as inscrições podem ser realizadas no sítio na internet da Capela do Rato.
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