Lisboa: Bispo auxiliar crisma sete reclusos do Estabelecimento Prisional de Vale dos Judeus

D. Joaquim Mendes concedeu o Sacramento da Confirmação, no dia em que se assinalou a Solenidade de Santa Isabel de Portugal

Foto: Padre Ricardo Jacinto, capelão do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus

Lisboa, 10 jul 2024 (Ecclesia) – O bispo auxiliar de Lisboa D. Joaquim Mendes crismou na quinta-feira da última semana sete reclusos, no Estabelecimento Prisional de Vale dos Judeus, em Alcoentre, apelando à misericórdia.

“Receber o Sacramento da Confirmação no contexto da celebração da memória de Santa Isabel de Portugal é uma oportunidade para pedir ao Espírito Santo a graça de um coração misericordioso, para que, no nosso dia a dia, sermos misericordiosos uns com os outros, como Deus nosso Pai é misericordioso, como o foi Santa Isabel e tantíssimos Santos que nos precederam, e que deixaram um testemunho luminoso de caridade e da misericórdia divina”, afirmou na homilia, informa o Patriarcado de Lisboa.

Assinalando a Solenidade de Santa Isabel de Portugal, D. Joaquim Mendes destacou que “o Espírito Santo é o amor de Deus derramado” nos corações de todos, impelindo a viver sob o signo da misericórdia, “a ser misericordiosos” como o Senhor é misericordioso para todos.

“A celebração do Crisma coincide com a memória litúrgica de Santa Isabel uma das mais extraordinárias rainhas da história de Portugal, conhecida pelo seu exemplo de dedicação ao próximo e com um rasto de devoção que o tempo não apaga”, salientou o bispo, lembrando que para além de rainha, era “também esposa e mãe de família”.

“Sofreu com o marido, sofreu com o filho, procurou a paz entre os dois, pacificou familiares desavindos e os monarcas dos povos ibéricos. Extraordinariamente culta e em tudo profundamente humana, foi uma rainha amada pelo povo por causa da sua caridade”, evocou.

O bispo auxiliar de Lisboa assinalou que “Santa Isabel, como muitos outros santos da Igreja, fizeram da misericórdia a sua missão, deixaram-se impregnar pela compaixão e pela misericórdia divina, fizeram-se misericordiosos e, como bons samaritanos, tomaram ao seu cuidado os irmãos caídos no caminho”.

“A vida de Santa Isabel é tecida pela misericórdia. Ela encarnou a misericórdia divina, que transbordou em obras concretas, dirigidas sobretudo aos pobres. A misericórdia não é uma ideia abstrata, mas é um estilo de vida, consiste em fazer, praticar, amar com obras”, sublinhou.

Segundo D. Joaquim Mendes, o quotidiano oferece “tantas oportunidades” de todos exercerem misericórdia, nas relações uns com os outros, “sendo pacientes, compreensivos, tolerantes”, suportando-se “mutuamente com caridade”, sem agressões, “nem com as palavras nem com os gestos”.

Na celebração, o bispo auxiliar de Lisboa quis recordar episódios da vida de Santa Isabel que demonstram a dimensão de caridade que pauta a vida da rainha: “Nas suas saídas do palácio, Santa Isabel via muitos pobres sentados às portas das igrejas das vilas e aldeias, mandava parar a carruagem onde viajava, descia, ia ao seu encontro, socorria-os nas suas necessidades”.

Usando o exemplo da Rainha Santa, que se preocupava “com os mais carenciados, com os mais desprezados por todos, fosse por condição social ou por doença”, D. Joaquim Mendes exortou a seguir os seus passos.

“Também nós temos de pedir ao Senhor esta sensibilidade de Santa Isabel em relação aos que nos rodeiam, esta capacidade de sair de nós e ir ao encontro daqueles que precisam de uma palavra amiga, de apoio e ajuda. Todos precisamos uns dos outros, para enfrentar as dificuldades, para superar situações difíceis da vida”, referiu.

“Afinal todos somos pobres, porque não nos bastamos a nós mesmos, mas precisamos uns dos outros, porque ninguém pode enfrentar a vida sozinho”

A celebração contou com a presença do capelão do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, padre Ricardo Jacinto, e de voluntários da capelania.

Santa Isabel (1271-1336) é filha dos reis de Aragão, foi mulher de D. Dinis, rei de Portugal, com quem teve dois filhos, e é recordada na Igreja Católica pela dedicação à oração e às obras de misericórdia.

A Cadeia de Vale dos Judeus, situada em Alcoentre (Lisboa), tem capacidade para acolher 560 reclusos e caracteriza-se por ter um nível de segurança alta.

Concluída a construção em 1974, as instalações do Estabelecimento Prisional foram ocupadas pelas Forças Armadas e, mais tarde, em março de 1977, no seguimento da devolução ao Ministério da Justiça, receberam o primeiro recluso.

No entanto, após a conhecida ‘grande evasão’ de 1978, as instalações foram encerradas e só em 1981 entrou em funcionamento o Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus.

A prisão é constituída por quatro pavilhões de três pisos, um pavilhão de admissão, dois edifícios oficinais e um edifício administrativo.

É neste estabelecimento que funciona um dos mais importantes polos de formação profissional para reclusos.

A população prisional é essencialmente constituída por reclusos condenados em penas de longa duração, existindo um número muito significativo de reclusos estrangeiros, informa a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais.

LJ

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