Ahmad Al-Tayyeb esteve na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa
Lisboa, 22 mar 2018 (Ecclesia) – O grande imã da Universidade egípcia de Al-Azhar esteve na Universidade Católica Portuguesa (UCP) a falar sobre ‘Valores Religiosos e Sociedade Contemporânea’, numa conferência internacional promovida pela instituição de ensino e a Embaixada da República Árabe do Egito.
O imã Ahmad Al-Tayyeb disse que “os filhos das religiões são todos irmãos”, por isso, convidou a assistência a “um novo começo em conjunto”.
O encontro esteve em destaque na emissão de hoje do Programa ECCLESIA, na RTP2.
“Para implementar um caminho luminoso que pode apagar o inferno das guerras. Apelamos à paz mundial fundada sobre os pilares morais da religião divina para pôr fim às cascatas de sangue derramado sem justificação cívica”, explicou no auditório Cardeal Medeiros, da UCP em Lisboa.
O líder da mais importante instituição do Islão sunita referiu-se às religiões como promotoras de paz e afirmou que “a religião sozinha não é suficiente para causar guerras”, como indica a “lógica da investigação histórica passada e contemporânea”.
Na conferência em árabe, com tradução simultânea, Ahmad Al-Tayyeb, professor de Teologia, assinalou que as causas das guerras “são diversas interligadas”: Psicológicas, sociais, económicas e políticas.
“Na sequência da modernização o homem perdeu a sua identidade verdadeira e transformou-se de ser humano, num ser económico, materialista puro. O seu coração deixou de sentir as dores e os sofrimentos do seu irmão”, acrescentou o grande imã da Universidade egípcia de Al-Azhar.
A sociedade, desenvolveu, sabe “a importância das religiões” e o seu papel no mundo contemporâneo de levar ao “caminho certo depois de perder a orientação” e perto do que se pode chamar “suicídio moral e afogamento em caos generalizado, talvez nunca visto na história da humanidade”.
Neste contexto, exemplificou e alertou para “a crise económica” que espalhou “pobreza, fome e desemprego”, “as prisões das dívidas”, a crise ambiental e a das politicas internacionais, “a marginalização da mulher, doenças”.
O imã egípcio, que já esteve com o Papa Francisco 3 vezes, observou que o Cristianismo protegeu o Islão nos seus primeiros dias, e o Alcorão menciona que os “cristãos são os mais próximos dos muçulmanos”.
A reitora da Universidade Católica Portuguesa que acolheu a conferência ‘Valores Religiosos e Sociedade Contemporânea’ explicou que a instituição de “base humanista” assume que religião e cultura estão “indissociavelmente imbricadas”.
“Os conflitos de base cultural e religiosa que assistimos nos últimos anos demonstram que a solução não é simples. Não passa por uma mera intenção política, mas que se exige um trabalho de diálogo mais fundo”, desenvolveu Isabel Capeloa Gil.
Isabel Capeloa Gil destacou que um trabalho cultural de instituições como a Universidade Católica Portuguesa e a de Al-Azhar “é determinante” para a educação das gerações, para que tenham um futuro de paz.
“Necessitamos de mostrar aos jovens que o futuro da relação se centra na abnegação numa aposta no diálogo como exercício não apenas de afirmação dos que nos é próprio, mas sobretudo de conhecimento do outro”, acrescentou.
A reitora da UCP assinalou que os conflitos de base cultural e religiosa, “nos últimos anos, “demonstram que a solução não é simples” e não passa por uma “mera intenção politica,” mas “exige um trabalho de diálogo mais fundo”.
CB