Lisboa 2023: «Pôr a beleza ao serviço do encontro do peregrino com Jesus» foi o objetivo da Jornada Mundial da Juventude (c/vídeo)

Encenadora Matilde Trocado afirma que a cultura contemporânea e a Igreja têm «muito para oferecer» uma à outra

Lisboa, 29 ago 2023 (Ecclesia) – A encenadora Matilde Trocado afirmou que, nos eventos centrais da JMJ Lisboa 2023, o objetivo das várias celebrações foi  “pôr a beleza ao serviço do encontro do peregrino com Jesus”, destacando que “a arte sempre esteve presente na liturgia”.

“Quisemos olhar para a semana como um todo, para um caminho que o peregrino pudesse fazer, no caso dos eventos centrais, desde o primeiro dia até ao final. Olhamos para o desenho como um todo e depois sempre com o objetivo de alguma forma de por a beleza ao serviço do encontro do peregrino com Jesus”, disse a encenadora, da Direção Pastoral e Eventos Centrais da JMJ Lisboa 2023, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Segundo Matilde Trocado, o objetivo foi, através da beleza, conseguir “não só traçar esse percurso da semana”, mas também “concretizar em cena, expressar e levar ao peregrino” a mensagem deste encontro que tinha um plano de espiritualidade pensado para a semana, assim como “o fundamento teológico da Jornada”.

“A arte sempre teve presente na liturgia, sempre desempenhou um papel. Sou suspeita, obviamente, mas acredito que a arte é uma linguagem que nos ajuda a aproximar de Deus, que nos ajuda a aproximar do transcendente.”

Sobre a vigília no Campo da Graça, no Parque Tejo, no final do dia 5 de agosto, a encenadora conta que o objetivo principal era que o primeiro momento, “mais performativo”, preparasse o segundo, “que era a adoração”, com uma narrativa, “uma leitura aberta”, onde cada jovem artista “está na sua vida, na sua bolha, e depois há um encontro e nasce um caminho”.

“A vigília foi o nosso evento mais ligado ao lema, porque do encontro de Nossa Senhora com o anjo nasce o partir ao encontro e nasce esse caminho. Eu acho que há esse paralelo tanto na vida dos jovens, como o que aconteceu historicamente com Nossa Senhora. Começa com uns jovens muito fechados sobre si mesmos, depois do momento de um encontro, também visível através dos testemunhos, nasce um caminho que não é sempre fácil, que tem altos e baixos, avanços e recuos”, desenvolveu.

‘Maria levantou-se e partiu apressadamente’, uma passagem do Evangelho segundo São Lucas (Lc 1,39), é tema da Jornada Mundial da Juventude 2023, a primeira edição internacional da JMJ em Portugal, que se realizou de 1 a 6 de agosto, em Lisboa.

Segundo Matilde Trocado, o consolador para quem desenhou estes momentos artísticos “foi ver como depois as palavras do Papa ainda assomam a tudo”, o silêncio no Parque Tejo, e a fadista Carminho que “teve um momento muito bonito”, cantou um original da sua autoria que “fala sobre ser peregrinos, seguir Jesus”.

“[O silêncio] foi das coisas que mais mexeu comigo, e mais me surpreendeu. Sobretudo da vigília que foi longo e quase que podíamos ouvir os carros na Ponte Vasco da Gama. Acho que toca o sublime, aquela multidão em silêncio e a força que dai sai”, acrescentou.

O ‘Ensemble23’ cantou, dançou e representou durante os Eventos Centrais da JMJ Lisboa 2023, um grupo composto por 50 jovens, de 22 nacionalidades, que esteve reunido durante seis semanas em residência artística para trabalhar com Matilde Trocado e o Peu Madureira.

“Qualquer jovem, de qualquer parte do mundo, podia candidatar-se, e foi uma das coisas que trouxe riqueza aos momentos. Estavam jovens de 22 nacionalidades, a sala de ensaio acabou por ser muito rica, porque misturava todas estas vivências; tinham um terreno comum numa linguagem artística”, partilhou a encenadora da Direção Pastoral e Eventos Principais.

Para o futuro, segundo Matilde Trocado, são importantes duas ideias do Papa Francisco na Jornada: “abrir portas e haver espaço para todos”, porque há uma vivência artística muito rica e “vale a pena convidar essas pessoas, crentes, não crentes”, porque pode haver espaços para todos.

“Era bom que abríssemos as portas sem medo, sem medo mesmo. A cultura contemporânea tem muito para oferecer à Igreja e a Igreja à cultura contemporânea. Abrir estas portas só pode trazer bons frutos”, disse a encenadora.

A entrevista a Matilde Trocado foi emitida no programa ECCLESIA de hoje, na RTP2, onde são recordados, ao longo do mês de agosto, momentos principais da JMJ Lisboa 2023.

A primeira edição internacional da JMJ em território português teve mais de 1,5 milhões de participantes nas celebrações conclusivas, presididas pelo Papa Francisco, no Parque Tejo.

HM/CB

 

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Agência ECCLESIA

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