Lisboa 2023: Papa Francisco vai dar pincelada final em mural comunitário de três quilómetros

Gesto marca encontro na sede portuguesa do movimento «Scholas Occurrentes», em Cascais

Foto: Agência ECCLESIA/CB

Cascais, 27 jul 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco vai dar a última pincelada no mural comunitário de três quilómetros, que está a ser desenhado para assinalar a sua visita à sede de ‘Scholas Occurrentes’ Portugal, em Cascais, a 3 de agosto.

“É importante perceber que ele é uma parte importante da comunidade. Ele foi o criador de Scholas, faz parte da comunidade e é reafirmar que faz parte disto, acredita no que estamos a fazer e a criar, mais uma vez, com a última pincelada”, disse o coordenador do movimento em Portugal, Francisco Martín, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O movimento educativo internacional ‘Scholas Occurrentes’ Portugal está a dinamizar o projeto ‘Vida Entre Mundos’, um mural de três quilómetros, no contexto da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023, que vai ser apresentado ao Papa Francisco, dentro de uma semana, a partir das 10h40, na antiga escola Conde Ferreira.

Francisco Martín explicou que estão “a envolver praticamente 100 associações da comunidade”, que ao longo de dois meses têm feito este mural em pedaços, com voluntários que começaram por ter “formação de arte e de jogo”, visitaram as associações, e, num “espaço livre”, conseguiam “expressar a sua própria singularidade, dores, sonhos”, numa tela entre as pessoas da coletividade.

“São mais de 300 murais que vão fazer parte de uma única obra, de mais de três quilómetros e meio, que vai ser o caminho que o santo padre vai fazer até chegar cá. É uma visita às Scholas, mas que seja à comunidade”, acrescentou.

Neste contexto, o coordenador de ‘Scholas Occurrentes’ Portugal afirma que a ideia deste projeto “é conseguir que as pessoas voltem a entrar em contacto com a parte criativa, poética, da sua vida, mas juntos”, sublinhando que cada comunidade é convidada a expressar “a sua singularidade, mas acabam todos por fazer parte de uma única obra”.

O mundo precisa disto, a globalização acaba por uniformizar, mas o importante é que cada pessoa consiga ser única. Acho que vai ser uma prenda para ele, chegar a uma comunidade que esteve a trabalhar em conjunto para criar uma única obra de arte, para além da sua visita. Uma coisa que tem um valor simbólico muito grande, é simbólico, mas é real”.

Foto: Agência ECCLESIA/CB

O mural está a ser construído no Centro Logístico de Cascais (C3), mas, esta quarta-feira, os participantes estavam num espaço ao lado da Cidadela de Cascais, por causa do incêndio que afetou a reunião nos últimos dias, com uma atividade inter-religiosa, com jovens cristãos – católicos e evangélicos -, muçulmanos e judeus, de várias realidades geográficas, Portugal, Argentina e Zimbabué.

“Estão a voltar à origem, começaram a brincar juntos, agora a desenhar e criar uma obra em conjunto, mas o importante é ouvir o outro e criar a partir disso. O importante é o sentido criado entre eles”, disse o entrevistado.

O coordenador de  ‘Scholas Occurrentes’ Portugal afirma que “única forma de não criar violência é criar sentido”, porque uma cultura onde não criam isso “acaba por ser violenta”: “Partilham experiência, cultura, tradições, e esquecem a diferença, para conseguir crescer juntos”.

Francisco Martín, 31 anos, é natural da Argentina, onde conheceu esta organização internacional de direito pontifício presente em 190 países dos cinco continentes, e veio para Portugal por causa de ‘Scholas’, que é “uma maneira diferente de viver” a sua vida.

“Tem a ver com a minha espiritualidade, com as minhas relações, com a minha família, a relação com Deus e com o mundo. Mudou a minha perceção sobre mim, sobre os outros, e a confiança que há alguma coisa maior do que nós e continuar a puxar para que a vida continue. Quando não temos espanto, assombro, temos uma vida morta. Scholas é para mim voltar a dizer estamos vivos e conseguir agradecer isso, e através da edução é uma possibilidade”, concluiu.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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