Lisboa 2023: Papa alerta para crise ambiental, denunciando «lixeiras de plástico» nos oceanos

Francisco elogia dinamismo juvenil, simbolizado pela JMJ, com os olhos postos no futuro

Foto António Pedro Santos/Lusa, Encontro do Papa no CCB

Lisboa, 02 ago 2023 (Ecclesia) – O Papa alertou hoje, em Lisboa, para a crise ambiental, denunciando as “lixeiras de plástico” que se acumulam nos oceanos.

“Os oceanos aquecem e, das suas profundezas, sobe à superfície a torpeza com que poluímos a nossa casa comum. Estamos a transformar as grandes reservas de vida em lixeiras de plástico”, disse, no primeiro discurso da sua viagem de cinco dias, perante responsáveis políticos, representantes da sociedade civil e membros do corpo diplomático.

Falando no Centro Cultural de Belém, Francisco começou por elogiar os esforços “exemplares” que Portugal partilha com a Europa, na defesa do ambiente, mas sustentou que “o problema global continua extremamente grave”.

“Como podemos dizer que acreditamos nos jovens, se não lhes dermos um espaço sadio para construir o seu futuro?”, questionou, evocando um dos temas que marca a Jornada Mundial da Juventude 2023, que se iniciou esta terça-feira.

Parece que as injustiças planetárias, as guerras, as crises climáticas e migratórias correm mais rapidamente do que a capacidade e, muitas vezes, a vontade de enfrentar em conjunto tais desafios”.

O Papa apontou ao futuro como um “estaleiro de obras” em que os jovens devem ser protagonistas, lamentando os problemas que afetam as novas gerações, como “a falta de trabalho, os ritmos frenéticos em que se veem imersos, o aumento do custo de vida, a dificuldade de encontrar uma casa e, ainda mais preocupante, o medo de constituir família e trazer filhos ao mundo”.

“Na Europa e em geral no Ocidente, assiste-se a uma triste fase descendente na curva demográfica”, acrescentou.

Francisco defendeu uma “boa política”, que seja capaz de oferecer esperança às pessoas, e “corrigir os desequilíbrios económicos dum mercado que produz riquezas, mas não as distribui”.

O discurso, com várias referências à cultura portuguesa, usou o conceito de “saudade” para sublinhar a importância do diálogo entre gerações, também nos projetos educativos.

Apontando à JMJ, onde se reúnem centenas de milhares de jovens dos cinco continentes, o Papa falou em motivos para a esperança.

“Há uma maré de jovens que se espraia sobre esta cidade acolhedora. Quero agradecer o grande trabalho e generoso empenho empreendidos por Portugal para acolher um evento tão complexo de gerir, mas fecundo de esperança”, declarou.

Não andam pelas ruas a gritar sua raiva, mas a partilhar a esperança do Evangelho. E se, em muitos lugares, se respira hoje um clima de protesto e insatisfação, terreno fértil para populismos e conspirações, a Jornada Mundial da Juventude é ocasião para construir juntos”.

Em conclusão, Francisco pediu que todos trabalhem com criatividade, a partir de “três estaleiros de construção da esperança”: o ambiente, o futuro, a fraternidade.

A visita de cinco dias do Papa constitui a mais longa das viagens papais a Portugal, até hoje.

Em maio de 2017, Francisco tornou-se o quarto Papa a visitar Portugal, depois de Paulo VI (13 de maio de 1967), João Paulo II (12-15 de maio de 1982; 10-13 de maio de 1991; 12-13 de maio de 2000) e Bento XVI (11-14 de maio de 2010); São João Paulo II cumpriu ainda uma escala técnica no Aeroporto de Lisboa (2 de março de 1983), a caminho da América Central.

OC

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Agência ECCLESIA

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