Lisboa 2023: Jornada Mundial da Juventude é oportunidade para «renovar estruturas» da Igreja

Ricardo Perna destaca que «pode ir muito para além» do setor da pastoral juvenil

Foto: Ricardo Perna

Lisboa, 20 abr 2023 (Ecclesia) – Ricardo Perna, antigo jornalista na revista Família Cristã, afirmou que “existe uma oportunidade única” que é dada à Igreja Católica em cada país que organiza uma edição internacional da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) “de renovar as suas estruturas”.

“Acho que é uma oportunidade única e o grande desafio que se coloca a cada país que acolhe a Jornada Mundial da Juventude é garantir que esse impacto, que é tremendo na semana da Jornada, não se esvazia como um balão, muito rapidamente, nos meses seguintes”, afirmou em declarações à Agência ECCLESIA.

Portugal está a preparar a próxima edição internacional da Jornada Mundial da Juventude, um momento de encontro e partilha para milhões de pessoas por todo o mundo, que se vai realizar de 1 a 6 de agosto, em Lisboa, e, na semana anterior à Jornada, 17 dioceses recebem jovens de todo o mundo nos ‘Dias nas Dioceses’.

“Existe uma oportunidade única. Cada país que organiza a Jornada Mundial da Juventude é-lhe dado uma oportunidade única de renovar as suas estruturas, não só de Pastoral Juvenil mas propriamente de intervenção dos jovens na vida da Igreja. Vai muito para além da Pastoral Juvenil, pode ir muito para além da pastoral juvenil”, referiu Ricardo Perna em entrevista ao programa Ecclesia, emitido hoje na RTP2.

O jornalista, que colaborou na revista Família Cristã e atualmente colabora na preparação da JMJ Lisboa 2023, recordou que o Papa Francisco criou um Conselho de Jovens, “que o aconselha em determinadas matérias”, após o Sínodos dos Bispos sobre o tema ‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’, em 2018.

“Porque é que as dioceses não poderão fazer isso também ou a Conferência Episcopal? Há uma série de coisas que precisam de ser trabalhadas em conjunto e são oportunidades únicas que são apresentadas à Igreja em Portugal que vai acolher a Jornada”, acrescentou.

A Conferência Episcopal Portuguesa terminou esta quinta-feira a sua 206.ª Assembleia Plenária, realizada desde segunda-feira, 17 de abril, onde foi reeleito como presidente D. José Ornelas e, segundo Ricardo Perna, neste novo mandato de três anos, para além da questão dos abusos na Igreja Católica existem “dois desafios muito importantes”, o atual caminho sinodal, “coloca-lo na ordem do dia e conseguir que o caminho que o Papa pretende fazer tenha reflexo”, e a “renovação” dos bispos nas dioceses portuguesas.

“Esta renovação que vai acontecer, e que esperamos que possa ser pensada, uma renovação jovem, já que estamos em ano de Jornada Mundial da Juventude, que possa levar a Igreja a olhar de uma forma diferente e possa levar também a sociedade a olhar de forma diferente para a Igreja”, acrescentou o vaticanista português, contabilizando que “cerca de metade do episcopado, nos próximos três anos, vai mudar”.

A Igreja Católica em Portugal promoveu hoje uma jornada nacional de oração pelas vítimas de abusos sexuais, de poder e de consciência, que coincidiu com a conclusão da Assembleia Plenária da CEP, em Fátima.

“A jornada de oração é um momento, simbólico, que é importante também. Ou seja, não podemos dissociar as ações mais simbólicas das ações mais concretas, elas todas têm que acontecer, nenhuma é mais importante do que a outra”, salientou Ricardo Perna, observando sobre o tema dos abusos na Igreja que se podem “questionar os tempos, a forma como está a ser comunicado, mas efetivamente as coisas estão a acontecer”.

PR/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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