Lisboa 2023: «Deposito toda a minha confiança em Portugal e nos portugueses» – D. Américo Aguiar

Organização da JMJ vai sensibilizar populações, na contagem decrescente para o encontro, procurando que todos se «sintam envolvidos»

Foto: JMJ Lisboa 2023

Lisboa, 01 jul 2023 (Ecclesia) – O presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 disse à Agência ECCLESIA que confia na capacidade dos portugueses para a realização do encontro mundial, em agosto, esperando que todos se “sintam envolvidos”.

“Deposito toda a minha confiança em Portugal e nos portugueses, que vão acolher os jovens”, assume D. Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa.

O responsável fala numa “confusão sã, serena”, típica de cada edição internacional da JMJ, com naturais “constrangimentos” para a população da capital portuguesa.

Nesse sentido, adianta, vai ser distribuído um desdobrável nas freguesias mais próximas do evento, explicando o que é a Jornada Mundial da Juventude e o seu impacto previsível.

“Queremos que as pessoas se sintam envolvidas”, precisa o coordenador do encontro mundial.

O presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 sublinha o impacto da presença de peregrinos de todas as origens geográficas e credos religiosos, desejando que todos possam “apreciar a diferença” e dar-se a conhecer.

“O mundo faz-se nesta diversidade, a diferença é uma riqueza, não é um obstáculo, não é um problema. A Jornada tem sido, e deve ser cada vez mais, uma escola de encontro, desta cultura do encontro de que o Papa tanto fala, mas também de uma cultura da ternura”, sustenta.

D. Américo Aguiar recorda que o encontro tem momentos de partilha e debate, com atenção particular às questões da sustentabilidade e da fraternidade humana, inspiradas nas encíclicas ‘Laudato Si’ (2015) e ‘Fratelli Tutti’ (2020), do Papa Francisco.

“Que a Jornada seja uma escola de conhecer o que é diferente”, deseja.

A programação, prossegue, inclui centenas de eventos culturais, com a participação de jovens das delegações estrangeiras: “Vai ser inesquecível para todos”.

O bispo auxiliar de Lisboa diz ainda que a organização está atenta aos desafios do “mundo digital”, que potencia a criação de “bolhas”.

“A Jornada tem de ser um rebentar esta bolha, este conforto artificial, digital, de que o mundo é como eu penso, como eu o desenho e equaciono”, observa.

A reflexão estende-se ao desafio lançado pelo Papa, com o projeto internacional da ‘Economia de Francisco’.

“Até onde é que estou disponível para abdicar das minhas coisas, do meu conforto, do meu estatuto, para que todos tenhamos aquilo que é um direito?”, questiona o presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023.

Os jovens vão ver que há muitos deles que têm vidas muito sofridas, mas são felizes e alegres, sonham, querem lutar pelos sonhos, tal como eles”.

O encontro conta com 313 mil peregrinos e 22 mil voluntários com inscrição finalizada, a um mês do início das celebrações.

Os países com mais peregrinos que finalizaram a sua inscrição são a Espanha (58 531), Itália (53 803), França (41 055), Portugal (32 771) e EUA (14 435).

D. Américo Aguiar admite que a organização é afetada pela “imprevisibilidade dos números”, até porque as inscrições decorrem até ao último dia da JMJ.

O responsável aponta que a celebração final possa reunir “confortavelmente” cerca de um milhão de pessoas na celebração final, a que o Papa vai presidir no Parque Tejo, entre jovens inscritos, não-inscritos e população em geral.

A organização tem procurado cumprir o objetivo de contar com a participação de jovens de todos os países do mundo, ajudando quem sente “maiores dificuldades”, pela sua “situação sociopolítica ou económica”.

O presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 destacou o esforço financeiro que muitos peregrinos vão fazer para estar em Lisboa, que levou ao lançamento do projeto ‘Igrejas Irmãs’, desafiando comunidades paroquiais a apadrinhar a participação desses jovens.

“A questão económica é muito significativa, não pela inscrição e a participação na Jornada, mas acima de tudo pelos encargos das viagens”, que podem chegar aos milhares de euros, precisa.

Foto: JMJ Lisboa 2023

Através das paróquias nas dioceses de acolhimento (Lisboa, Santarém e Setúbal) a JMJ Lisboa 2023 identificou 7138 famílias “disponíveis para acolherem jovens peregrinos nas suas casas”; no total, estão identificados mais de 472 926 lugares de pernoita.

Nos próximos dias, vai ser pedido às pessoas que se inscreveram que coloquem, nas suas varandas ou janelas, uma faixa que diz “Família de acolhimento”, como forma de mobilizar quem estiver com dúvidas.

D. Américo Aguiar sublinha que esta experiência é, normalmente, avaliada como “o momento alto” da Jornada.

“Não tenham medo, nunca aconteceu nada de mal, pelo contrário, acontecem coisas boas. É preciso vencer o medo”, apela.

O responsável reforça também o convite à inscrição na Rede de Restauração, para “chegar a todos”, com a maior “diversidade” possível.

“Todos podem aderir, todos podem oferecer aos jovens o Menu JMJ”, acrescenta.

Questionado sobre a presença de Francisco em Lisboa, particularmente após a intervenção cirúrgica a que foi submetido a 7 de julho, o entrevistado sublinha que sempre teve a “certeza” de que esta seria uma Jornada com o atual Papa.

“Nunca tive dúvidas”, insiste, assumindo que há “fragilidades e limitações” que vão ser tidas em conta.

A entrevista a D. Américo Aguiar vai estar em destaque na próxima emissão do Programa ‘70×7’, este domingo, pelas 17h30, na RTP2.

PR/OC

A JMJ nasceu por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude, e desde então tem-se evidenciado como um momento de encontro e partilha para milhões de pessoas, por todo o mundo.

A primeira edição aconteceu em 1986, em Roma, tendo passado pelas seguintes cidades: Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).

A próxima edição internacional vai decorrer na capital portuguesa de 1 a 6 de agosto de 2023, após ter sido adiada um ano, por causa da pandemia de Covid-19.

 

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