Cardeal Michael Czerny discursou na Conferência Internacional sobre «Cuidados com a Criação», que antecipa a JMJ
Cidade do Vaticano, 14 abr 2023 (Ecclesia) – O prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé) manifestou hoje em Lisboa o apoio do Papa a uma “transição verde”, com o fim dos combustíveis fósseis.
“Os jovens exigem mudanças de nós. Eles perguntam-se como é possível que possamos pretender construir um futuro melhor sem pensar na crise ambiental e no sofrimento dos excluídos”, alertou o cardeal Michael Czerny, um dos principais colaboradores de Francisco nesta área.
O responsável do Vaticano falava na sede da Universidade Católica Portuguesa, que acolheu a IV conferência internacional sobre o cuidado da criação, na véspera do início da Jornada Mundial Juventude.
Para o cardeal Czerny, vive-se um “ponto crucial” da história da humanidade, que alterou e continua a alterar “todos os sistemas significativos” da vida na terra.
“Se não for feito o suficiente – e os resultados estão muito aquém dos objetivos – as coisas vão piorar. Estamos a aproximar-nos perigosamente do limite de 1,5 a 2 graus celsius, definidos pelos Acordos de Paris”, advertiu.
O prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral defendeu uma “rápida transição” de “um modelo económico baseado em combustíveis fósseis para uma economia de energia limpa”, em todo o planeta”.
O colaborador do Papa falou ainda da urgência de “travar o desmatamento, especialmente em bacias hidrográficas de importância global, como o Congo e a Amazónia” ou de “proteger as costas marítimas contra a erosão”.
A reflexão alargou-se ao campo da economia e das finanças, criticadas pela “busca frenética do lucro”.
O cardeal Czerny falou aos jovens participantes dos problemas levantados, a nível mundial, pelo degelo, aquecimento da temperatura da água do mar, incêndios e tragédias naturais, propondo uma “ecologia integral para o pleno desenvolvimento do género humano”, inspirada na encíclica ecológica e social ‘Laudato Si’(2015), do Papa.
O encontro contou com a participação do diretor da Plataforma de Ação ‘Laudato Si’, John Mundell, que falou desta “comunidade global cuja missão específica é responder ao grito da terra, ao grito dos pobres e ao grito das novas gerações”, como pede Francisco.
O responsável assume a intenção de “ter um impacto”, com a rede criada através da plataforma, pedindo “sinais visíveis de transformação”.
“Sublinhamos a ideia de agir já, hoje, o que é possível fazer agora?”, observou.
Mundell diz que é possível “semear esperança” e espera que a Igreja assuma a liderança, neste campo.
A organização deste evento contou com diversas instituições: Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida; Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral; Fundação JMJ Lisboa 2023; Universidade Católica Portuguesa; Università Cattolica del Sacro Cuore (Roma); o Movimento Internacional ‘Laudato Si’; Fundação Príncipe Alberto II do Mónaco; e a Fundação Magis (Jesuítas) com o patrocínio das Embaixadas de Portugal e do Principado de Mónaco junto à Santa Sé.
HM/OC