Movimento de trabalhadores cristãos teme consequências do «empobrecimento generalizado» da população
Lisboa, 22 mar 2013 (Ecclesia) – A LOC/MTC – Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos manifestou hoje a sua preocupação com a “crise de crescimento e de maturação” da democracia num contexto de “empobrecimento generalizado” em Portugal.
“Vivemos numa democracia minimal, em que há uma demissão do cidadão em relação às decisões do Governo e do Estado, e em que estes querem apenas assumir um papel mínimo nas funções sociais”, assinala a equipa executiva nacional da organização, em comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
A direção do movimento alerta para o “desemprego crescente e a precariedade laboral, a desvalorização do trabalho humano e o empobrecimento generalizado da população, a diminuição na proteção social e os cortes no Estado social”.
“Por outro lado constatamos que a crise dos fundamentos da democracia reside no fato dos políticos pensarem atualmente o serviço público, ou a ‘coisa pública’, como se se tratasse de uma empresa, ilibando-se da responsabilidade de trabalhar pelos serviços públicos de qualidade que criam bem-estar social aos seus cidadãos”, acrescenta o texto.
A LOC/MTC promoveu este mês três encontros de formação, inseridos na preparação do seu XV Congresso Nacional, a realizar em junho, em Lisboa, com o objetivo de “debater a aprofundar alguns dos graves problemas que afetam os trabalhadores, as famílias e o mundo do trabalho”.
O documento que recolhe as conclusões dessas reuniões fala num “sistema político dominado pelos mercados e pela promiscuidade entre economia pública e privada”.
O texto deixa críticas às “rendas e os lucros fáceis”, às “grandes disparidades na repartição do rendimento entre o trabalho e o capital” e à “excessiva amplitude do leque salarial numa mesma empresa ou setor de atividade, incluindo a Administração Pública”.
A organização pede, entre outras medidas, que se “tributem fortemente a concentração da riqueza e a propriedade inativa”, que se respeitem “critérios de progressividade na tributação fiscal” e se “assegure o papel redistributivo do Estado”.
A LOC/MTC convida a um debate sobre o Estado Social, recordando que sem os apoios sociais “o risco de pobreza seria muito superior”, e lamenta a “desvalorização do salário e do vínculo laboral” que tem levado à existência de “trabalhadores no limiar da pobreza, mesmo tendo trabalho”.
Segundo a organização cristã, é necessário “criar novos modos de produzir”, com “maior participação dos trabalhadores nas empresas onde trabalham” e um “incentivo ao desenvolvimento local”.
O movimento apela também a “novos modos de consumir” que não “endeusem o consumo e a ostentação e não alimentem o desperdício e o supérfluo, concorrendo para agravar a crise ambiental”.
OC