Líderes religiosos unidos contra a guerra

Encontro em Assis conclui-se esta tarde Nenhuma guerra pode ser “santa” e, por isso mesmo, os líderes religiosos mundiais, reunidos em Assis, dizem “não”, em conjunto, a qualquer manifestação de violência em nome da fé. A convicção dominou os dois dias de trabalhos e estará presente no “Apelo de Paz 2006”, que será proclamado na Cerimónia final desta tarde, por Zeinab Ahmed Dolal, da Somália. Mais de 200 representantes cristãos, muçulmanos, judaicos e de outras confissões juntam-se a cerca de 3 mil pessoas no encontro inter-religioso “Por um mundo de paz. Religiões e culturas em diálogo”, promovido pela Comunidade de Santo Egídio, no 20º aniversário da Jornada Inter-Religiosa Mundial pela Paz convocada por João Paulo II em 1986. Em Assis estão a ser discutidos os temas mais quentes da actualidade internacional, como a recente guerra no Líbano: “é um erro chamar Deus para ofender o homem”, ouviu-se. O Grão-Rabino de Israel, Yona Metzger, pediu a libertação imediata dos prisioneiros israelitas e palestinianos. Da mesa-redonda saiu o desejo de que seja respeitada a resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, para tentar resolver de forma política a questão com o Hezbolla e reconstruir o Líbano no menor tempo possível. Paul Matar, Arcebispo Maronita de Beirute, sublinhou a importância de se defender a soberania libanesa e de se ajudar o exército do país a controlar todo o território. O 5º aniversário dos atentados do 11 de Setembro também foi recordado, lamentando-se que o medo tenha levado o Ocidente a fechar-se em si mesmo. Jean-Arnold De Clermont, presidente da Conferência das Igrejas Europeias, apelou à “capacidade de cultivar a negociação, um elemento prioritário, mesmo para aprofundar melhor a nossa identidade”. Mohammed Esslimani, teólogo muçulmano da Argélia, lembrou que “a liberdade, a justiça e a paz estão unidos de forma indissociável” e que o Ocidente tem um papel fundamental para “atender às aspirações democráticas de muitos jovens orientais”. D Jaime Pedro Gonçalves, Arcebispo da Beira (Moçambique) foi a Assis levar a sua convicção de que “a paz é possível”, dando como exemplo esta antiga colónia portuguesa, que se pacificou com a ajuda da mediação da Comunidade de Santo Egídio e da Igreja. Da Cúria Romana veio o apelo para uma globalização da solidariedade, que combata o fosso entre países rico e pobres, bem como o fenómeno das novas escravidões. “O fenómeno migratório constitui, hoje, uma verdadeira questão ética, para a busca de uma nova ordem económica e internacional”, referiu D. Agostino Marchetto, secretário do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes.

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