Líderes políticos da China presentes no funeral do principal bispo católico

O principal bispo chinês Fu Tieshan, nomeado pelo Partido comunista da China sem o acordo do Vaticano, foi ontem a enterrar em Pequim, numa cerimónia em que participaram os principais líderes políticos chineses. O Presidente chinês, Hu Jintao, e o Primeiro-ministro, Wen Jiabao, acompanhados por Wu Bangguo, presidente da câmara legislativa chinesa e pelo vice-presidente Zeng Qinghong, participaram no funeral de Fu Tieshan, junto com mais de dez bispos, 150 padres e freiras e cerca de mil fiéis vindos de toda a China, no cemitério de Babaoshan, a oeste de Pequim. Fu, o primeiro bispo ordenado pela Igreja Católica Patriótica – subordinada ao Estado tal como as outras quatro religiões permitidas no país – desde a fundação da República Popular da China em 1949, morreu a 21 de Abril com 76 anos, vítima de cancro no pulmão. O prelado, que era o Bispo de Pequim, era também vice- -presidente da Assembleia Nacional Popular, presidente da Igreja Católica Patriótica da China e presidente da Conferência Episcopal. Um porta-voz da Igreja Católica Patriótica afirmou no dia da morte que ainda não se perfilam nomes para a sucessão e declarou não saber se haverá conversações com o Vaticano a esse respeito. A morte de Fu ocorre num momento em que o Papa Bento XVI se prepara para divulgar nas próximas semanas uma carta aberta que permita uma aproximação entre Roma e os católicos chineses, que somam cerca de dez milhões, um terço dos quais clandestinos por reconhecerem a autoridade papal e que celebram missas em casas particulares. Pequim exige para o reinício das relações diplomáticas com a Santa Sé a aceitação do que chama «os dois princípios de base», que se referem à insistência do governo da China em nomear os bispos do país e ao corte de relações diplomáticas com Taiwan, que o governo chinês considera ser uma província separatista. O Vaticano já por diversas vezes manifestou vontade em restabelecer as relações diplomáticas com Pequim, mesmo que tenha de mudar a embaixada de Taiwan para Pequim, mas tem recusado a intervenção governamental na nomeação dos bispos. Cerca de 80 por cento dos bispos da Igreja Católica oficial chinesa são aceites pelo Vaticano. O processo de nomeação dos bispos na China é o maior entrave à melhoria das relações entre Pequim e a Santa Sé e ao estabelecimento de relações diplomáticas bilaterais. Em 1951, a China cortou relações diplomáticas com o Vaticano, levando a Santa Sé a reconhecer Taiwan, ilha que tem um governo próprio desde 1949 e reclama a independência da China, mas é vista por Pequim como uma província separatista a unir a todo o custo.

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Agência ECCLESIA

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