Lições de fé na Terra Santa

Comunidades cristãs na terra de Jesus lembradas na colecta de Sexta-feira Santa Por explícita vontade dos Papas, desde 1618 a Igreja universal lembra na Sexta-feira Santa, através da oração e de uma colecta, a comunidade católica que vive na Terra Santa. O responsável pela Custódia Franciscana da Terra Santa, Fr. Pierbattista Pizzaballa, refere à agência Sir que “as raízes da Igreja universal estão em Jerusalém, pelo que os Lugares Santos não pertencem apenas à comunidade local, mas a toda a Igreja”. O Custódio não deixa de destacar a importância da colecta de Sexta-feira Santa, ressaltando que esta “é uma forma concreta de solidariedade e de unidade para com a Igreja mãe”. Os fundos recolhidos são utilizados para a manutenção das obras das diversas Igrejas de Jerusalém e dos Lugares Santos: “escolas, santuários, instituições de caridade e de assistência social”. Fr. Pizzaballa sublinha que os cristãos “não querem apenas receber do mundo, mas dar: querem ser educados a dar e a construir por eles próprios o seu futuro”. “Devemos ajudá-los na reflexão da fé, a projectar o futuro nesta terra. A troca de experiências com outros católicos só pode ajudar e alegrar-nos”, acrescenta. Em Israel, os cristãos apenas representam 9% da minoria árabe e 2,1% da população total do país, de quase 7 milhões de habitantes. Em 1949, um ano após a proclamação do Estado de Israel, os cristãos representavam 20% da minoria árabe. A pequena minoria cristã que hoje em dia vive na Terra Santa tem uma mensagem fundamental para todos os católicos: “esquecidos por todos, pouco levada em consideração e pobre sob tantos pontos de vista, ela é apegada à sua identidade e às suas raízes cristãs”. O Custódio afirma que “ser cristão aqui é difícil”, mas que as comunidades locais não desistem de dizer “nós estamos aqui e Jesus está connosco”. Uma outra forma de manifestar a solidariedade são as peregrinações, pelo que Fr. Pizzaballa faz questão de sublinhar que “não há nenhum perigo para os peregrinos na Terra Santa”. “Peregrinar aqui é regressar ao Evangelho”, conclui. Cristãos afectados A construção do “muro de segurança” na Cisjordânia vai mudar a vivência da Semana Santa na terra onde Jesus nasceu e viveu. Os mais prejudicados com esta situação são os cristãos palestinianos, obrigados a desvios de mais de 30 minutos para poder chegar ao Monte das Oliveiras ou ao Santo Sepulcro. Simon Musleh conta à agência norte-americana CNS que, para evitar complicações, deixa o seu carro no lado israelita do muro, junto dos complexos habitacionais construídos pelos Franciscanos e corta por bocados da barreira que ainda estão por completar, atravessando propriedades que são pertença das Irmãs Combonianas e dos Padres Passionistas. “Mesmo assim, a minha família tem de passar por um ou dois postos de controlo israelitas para poder participar nas cerimónias”, lamenta. Antes da initifada, chegar a Jerusalém vindo de Betânia levaria cinco minutos. Vinte famílias católicas de Betânia tinham residência nos complexos habitacionais construídos pelos Franciscanos – com o objectivo de fixar as populações católicas na Terra Santa -, mas desde o início da segunda intifada e da construção do muro, muitas delas foram deslocadas para Jerusalém oriental. A Custódia Franciscana da Terra Santa contesta desde o início o “muro de segurança” na Cisjordânia, considerando que esta construção tem limitado os movimentos das populações e chegou mesmo a roubar os terrenos que estavam destinadas à construção de habitações para os cristãos.

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