Líbia: Vaticano reconhece Conselho de Transição

Comunicado oficial diz que a morte de Muammar Kadhafi encerra «trágica» fase de luta armada

Cidade do Vaticano, 20 out 2011 (Ecclesia) – O Vaticano anunciou hoje que considera o Conselho Nacional de Transição (CNT) da Líbia como “legítimo representante do povo”, num comunicado publicado após a confirmação da morte de Muammar Kadhafi, líder deposto do país.

“Atendendo a que o CNT já se assumiu, de forma efetiva, como governo, em Tripoli, a Santa Sé considera-o como o legítimo representante do povo líbio, conforme o direito internacional”, pode ler-se.

A nota oficial sublinha que a Santa Sé tem por norma “reconhecer os Estados e não os governos”, pelo que não se tinha ainda pronunciado sobre o estatuto do Conselho de Transição da Líbia.

Kadhafi foi morto hoje em Sirte, a sua cidade natal, pelas forças rebeldes que desde fevereiro combatiam o regime do coronel líbio, anunciou o CNT ao início da tarde.

Para o Vaticano, esta notícia “encerra a fase demasiado longa e trágica da luta sangrenta para derrubar de um regime duro e opressivo”.

“Esta experiência dramática obriga, mais uma vez, à reflexão sobre o preço de sofrimento humano que acompanha a afirmação e a queda de qualquer sistema que não esteja fundado sobre o respeito e a dignidade da pessoa, mas sim sobre a prevalente afirmação do poder”, indica o comunicado da sala de imprensa da Santa Sé.

O texto deixa votos de que “poupando o povo líbio de mais violência, nascidas do desejo de desforra ou vingança, os novos governantes possam empreender o mais rapidamente possível a necessária obra de pacificação e reconstrução” do país.

À comunidade internacional pede-se um compromisso para “ajudar generosamente à reedificação” da Líbia.

Assegurando o contributo da “pequena comunidade católica”, a Santa Sé diz que se vai empenhar “em favor do povo líbio, com os instrumentos à sua disposição no campo das relações internacionais, no espírito da promoção da justiça e da paz”.

O comunicado oficial elenca os vários contactos mantidos pela Secretaria de Estado do Vaticano com a embaixada líbia junto da Santa Sé “desde a mudança política em Tripoli”, nos últimos oito meses, para além de um encontro na assembleia geral da ONU com o representante permanente do país africano, Abdurrahman M. Shalgham.

No início deste mês, o núncio apostólico [embaixador da Santa Sé], a residir em Malta, esteve em Tripoli durante três dias, para um encontro com vários ministros do CNT.

“A Santa Sé teve oportunidade de renovar o seu auxílio ao povo líbio e o apoio à transição. A Santa Sé desejou às novas autoridades todos os sucessos na reconstrução do país”, conclui a nota oficial.

Kadhafi, nascido em julho de 1942, era o mais antigo dirigente árabe e africano, tendo governado a Líbia durante mais de 41 anos, após o golpe que derrubou o rei Idris.

OC

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Agência ECCLESIA

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