Liberdade Religiosa: Pároco de Gaza uniu-se a «Jubileu dos Cristãos Perseguidos» para pedir fim da guerra (c/vídeo)

Celebração promovida pela Fundação AIS decorreu em Arouca

Arouca, 31 mar 2025 (Ecclesia) – O pároco de Gaza, na Palestina, enviou uma mensagem em vídeo ao secretariado português da Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), denunciando a crise humana que se vive na região e pedindo o fim do conflito.

“Deus conceda que a paz chegue de verdade, o fim desta guerra”, refere o padre Gabriel Romanelli, que se associou ao Jubileu dos Cristãos Perseguidos, promovido este domingo pela AIS, em Arouca.

“Mais um dia de guerra não vai resolver a situação, só a vai piorar”, acrescentou o missionário argentino.

Segundo a fundação pontifícia, a iniciativa quis sublinhar “a situação humanitária extremamente difícil que se vive em Gaza, na Terra Santa, e a perseguição aos cristãos na Nigéria”.

O evento, que assinalou os 30 anos da presença da Fundação AIS em Portugal, contou ainda com diversas conferências e uma exposição de objetos religiosos profanados pelo Daesh, no Iraque e na Síria, refere uma nota enviada hoje à Agência ECCLESIA.

A mensagem do pároco de Gaza, com cerca de 20 minutos, recordou o meio milhar de cristãos que vivem neste enclave da Terra Santa, em “extrema pobreza”.

“Na minha opinião, para vós, em Portugal, ou para todas as pessoas de boa vontade, a primeira coisa a fazer é rezar”, disse o Padre Romanelli, pedindo a intercessão de Nossa Senhora de Fátima.

O sacerdote pediu orações para a “libertação de todos os reféns e prisioneiros” e para que se chegue a um acordo, “quanto mais depressa melhor”.

Pedimos ajuda humanitária consistente para mais de 2 milhões de pessoas que vivem aqui e que, na sua maioria, perderam tudo, perderam as suas casas, perderam os seus locais de trabalho, as escolas dos filhos, as suas casas, os seus bens, muitos estão desesperados. É uma vida miserável, a da maioria da população. E essa tensão sente-se, evidentemente, em toda a Terra Santa”.

Neste momento, na Paróquia da Sagrada Família, em Gaza, estão cerca de 500 pessoas que o padre Gabriel Romanelli classifica como “refugiados”.

Apesar de dizer que as pessoas na paróquia estão bem, o responsável destaca que “o perigo continua por todo o lado”, pois a guerra reacendeu-se “e há muitos bombardeamentos, muitas mortes”.

“Nesta parte da Palestina, que é Gaza, até há pouco tempo, só as crianças mortas pela guerra eram mais de 17 mil, mais de 17 mil, o que é, de facto, uma coisa terrível, uma coisa terrível. Cerca de 50 mil mortos nesta parte da guerra e mais de 110 mil feridos, muitos deles feridos graves, com amputações”, relata.

O ‘Jubileu dos Cristãos Perseguidos’ contou também com o depoimento do padre Simon Ayogu, sacerdote nigeriano a viver em Portugal há vários anos, lembrando casos de violência contra a comunidade cristã no país africano.

D. Manuel Linda, bispo do Porto quis associar-se “plenamente e de coração” a este evento, enviando uma mensagem.

“Há tanta gente que não entende esta religião do amor, e, portanto, muitos cristãos têm de viver escondidamente. Não só não podem passar a Porta Santa como até têm de esconder exteriormente aquilo que é a sua convicção profunda”, afirmou.

A Missa de domingo foi presidida pelo padre Ayogu, com transmissão televisiva.

No final da celebração, a diretora do secretariado nacional da AIS, Catarina Martins de Bettencourt, agradeceu “aos benfeitores e amigos” da instituição que com a sua generosidade têm permitido levar “esperança e amor ao próximo, ajudando a transformar vidas em comunidades cristãs marcadas pela pobreza, pela discriminação, pela perseguição e por desafios inimagináveis”.

O Jubileu dos Cristãos Perseguidos terminou com um concerto no Mosteiro de Arouca pelo grupo Coral de Urrô, dirigido pelo maestro Paulo Bernardino e em que participou também o quinteto de sopro da Academia de Música de Arouca.

OC

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