Liberdade religiosa: EMRC promove encontro com a fraternidade e o diálogo com outras religiões – António Cordeiro

Equipa Nacional da disciplina de EMRC integrou visita à exposição «Os caminhos da Liberdade Religiosa em Portugal»

Lisboa, 27 fev 2024 (Ecclesia) – O coordenador do departamento de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) afirmou, em entrevista à Agência ECCLESIA, que a disciplina está circunscrita à identidade judaico-cristã, mas tem “um encontro e diálogo com as outras religiões”.

“Isto significa promover junto dos alunos, educá-los neste ambiente de liberdade, nesta narrativa para olhar o outro, aceitar a sua diferença, a sua perspetiva, a sua identidade, a sua forma de viver a liberdade e é um percurso que vamos fazendo também com os alunos”, referiu António Cordeiro, no âmbito de uma visita, na passada quarta-feira, à exposição “Os caminhos da Liberdade Religiosa”, na Assembleia da República.

O Coordenador do Departamento da EMRC defende que a disciplina acolhe aquele que a procura e “promove o encontro com a fraternidade, uma outra vertente fundamental da disciplina”.

A Equipa Nacional da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica esteve na mostra, que assinala os 20 anos da Lei da Liberdade Religiosa.

Foto: Agencia ECCLESIA/PR

“Sendo a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) uma narrativa da liberdade, é uma experiência judaico-cristã, que tem como grande ambiente e condição a liberdade, naturalmente que nós traduzimos naquele que é o nosso percurso curricular um encontro ou fazer um encontro dos alunos com esta narrativa da liberdade”, disse António Cordeiro.

Além de múltiplos meios e objetos, que mostram os debates e negociações a respeito da liberdade religiosa, a mostra abrange 12 testemunhos de jovens de várias confissões religiosas que consideram essencial a temática.

O comissário da exposição “Caminhos da Liberdade Religiosa” assinala que os depoimentos revelam “uma grande valorização” da ideia de liberdade religiosa, “no sentido de não só de tolerar o outro, de aceitar que o outro tenha uma possibilidade de manifestação de opinião, mas sobretudo de conviver ativamente com as diferenças”.

“E a segunda ideia é que todos eles manifestam também que a sua confissão deve promover a ideia da liberdade religiosa e, portanto, a ideia da convivência inter-religiosa”, indica António Marujo.

O jornalista considera que este é um tema que “tem que estar presente nas gerações mais novas” e, por isso, é que os testemunhos foram incorporados na exposição.

“Era importante trazer os mais novos para este debate, para esta exposição, e claramente tem que ser um tema da escola”, ressalta António Marujo, justificando com os tempos “conflituosos” e “divergentes” que hoje se vivem, em que a diferença de opinião leva à ostracização e à condenação mútua.

Para o comissário da exposição “Caminhos da Liberdade Religiosa”, é importante que as confissões religiosas tragam, através da aula de Educação Moral e Religiosa Católica, a importância da convivência, do diálogo, do conhecimento e respeito pelas diferenças para a consciência dos mais novos.

É importante as pessoas aprenderem que quanto mais eu conhecer as diferenças, mais eu me identifico com a minha própria confissão religiosa. Quanto mais eu me identifico com as minhas convicções, mais eu aceito e respeito quem é diferente”.

“De facto, o que se nota muitas vezes é que quem não está seguro de si mesmo é que insulta o outro, é que menospreza o valor do outro, e também por isso eu creio que os depoimentos destes 12 jovens são importantes, ou seja, percebermos que nas escolas, hoje, em Portugal isto pode ser um tema de reflexão, por um lado, e um tema que leve à ação, ao debate, no sentido de aprendermos a conhecer as diferenças e com essas diferenças construirmos uma sociedade melhor, mais justa, mais tolerante, mais dialogante de todos uns com os outros”, referiu.

Cristina Brito, da Equipa Nacional de Educação Moral e Religiosa Católica, salienta que a liberdade religiosa é um tema abordado nas unidades curriculares de EMRC, desde o primeiro ciclo, e sobretudo no 8º, 9ºano e no secundário, cumprindo um dos objetivos essenciais da disciplina.

“Que os alunos tenham a capacidade de escolher o seu projeto de vida com sentido, mas fazê-lo de forma responsável, também dando orientações, não princípios morais, mas, de facto, fazendo com escolhas, mas sendo orientados também de alguma forma. E a disciplina também serve para isso, fazer propostas, com sentido”, enfatiza.

A exposição “Caminhos da Liberdade Religiosa em Portugal” faz um percurso centrado nos últimos 100 anos e nela podem ser vistos vários livros sobre diferentes realidades religiosas no país, cópias da Constituição Portuguesa, da Concordata de 2004 (negociada depois da aprovação da lei de 2001) ou do Protocolo Adicional que permitiu o divórcio nos casamentos católicos, entre outros documentos.

Além disso, contém também dois exemplares de Bíblias atingidos por balas durante o golpe de Estado do 28 de maio de 1926, que derrubou a Primeira República, uma máquina policopiadora usada para reproduzir folhetos clandestinos, fotos e recortes de jornais com a história dos julgamentos de membros das Testemunhas de Jeová ou livros que evocam a resistência católica e de outros credos.

“Tendo começado por ser um tema conflituoso no regime democrático entre o Estado e a Igreja, com os debates que se foram sucedendo, acaba por dar lugar a uma experiência positiva, por um lado, de diálogo institucional entre as diversas confissões religiosas e o Estado, por outro, entre as próprias confissões, porque há partilha de experiências, há caminhos conjuntos que se fazem, e isso é muito interessante”, reflete António Marujo.

A mostra é uma iniciativa da Assembleia da República e pode ser vista no Átrio Principal do Palácio de São Bento até ao dia 15 de abril.

PR/LJ/OC

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