D. José Ornelas participou na sessão de apresentação do relatório de 2023 da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre sobre o tema, que já percorreu outras nove dioceses portuguesas
Leiria-Fátima, 05 jun 2024 (Ecclesia) – O Bispo de Leiria-Fátima lamentou, esta terça-feira, no Centro de Diálogo Intercultural de Leiria, a perseguição aos cristãos em várias geografias do mundo, sublinhando a importância de defender a liberdade religiosa.
“Agradeço o trabalho que fazem de pôr [tudo isto] a nu, até por justiça para com estas pessoas, e de dizer que isto não é tolerável nesta humanidade. Que se justifique e se dê uma cobertura religiosa à violência, à guerra, à destruição, ao ódio, isso não pode ser chamado de religioso”, afirmou D. José Ornelas, durante a apresentação do relatório da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) sobre a Liberdade Religiosa no Mundo 2023.
Segundo o bispo diocesano, “é muito importante a consciência que se faz, do ponto de vista religioso, falar de liberdade religiosa e falar de perseguição religiosa. Porque quando se chega à perseguição religiosa já pelo caminho ficaram muitos outros direitos humanos fundamentais”, informa a AIS.
D. José Ornelas destaca a liberdade religiosa como a mais “íntima, a mais sagrada das fronteiras da liberdade, que é a liberdade de pensar, de acreditar, de sonhar um mundo novo, e, portanto, este é o santuário”.
“[O diálogo inter-religioso] é uma necessidade absoluta”, defendeu o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
Na sessão, D. José Ornelas saudou o trabalho desenvolvido pela FAIS, que considerou estar “bem ativa” em tornar todos conscientes desta “realidade dramática que se vive em todo o mundo”.
“Os números que acabámos de ver são disso sintoma. E o facto de se dizer que os cristãos são os mais perseguidos não é de admirar. Isso significa também que há muitos, muitos cristãos que arriscam a sua vida em nome e em coerência com aquilo que pensam, com aquilo que creem e com o mundo que querem criar”, indicou.
Neste contexto, o bispo de Leiria-Fátima lembrou um encontro que teve em Roma, Itália, durante o Sínodo dos Bispos, com uma religiosa iraquiana, quando participavam na oração do Terço na Igreja de São Pedro, no Vaticano.
A irmã falou sobre a vida nos últimos anos no Iraque, mencionando que na localidade onde vivia, havia cerca de 60 mil cristãos antes da invasão dos jihadistas do Estado Islâmico, em 2014, e que hoje são pouco mais de 10 mil.
“Muitos perderam a vida, é rara a família que não tenha mortos recentes, destes últimos anos”, contou o bispo, que acrescentou que “é preocupante perceber que a presença da Igreja nestes países esteja a diminuir radicalmente”.
Antes da intervenção de D. José Ornelas, a diretora do Secretariado Nacional da FAIS apresentou as principais conclusões do relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo 2023, incentivando as cerca de 20 pessoas presentes a serem “cidadãos conscientes e ativos” face à realidade de perseguição de cristãos que afetas milhões de pessoas.
Também a vice-presidente da Câmara de Leiria, Anabela Graça, marcou presença na apresentação, tendo agradecido à FAIS pelo “trabalho que faz” e que a todos faz refletir sobre o que pode ser feito.
“Cada um de nós tem de olhar para esta realidade e tem um papel a desempenhar na construção da liberdade religiosa e nos direitos humanos”, frisou a autarca.
O relatório da FAIS sobre a Liberdade Religiosa no Mundo 2023 já foi apresentado em 10 dioceses portuguesas: Lisboa, Setúbal, Porto, Santarém, Coimbra, Braga, Évora, Madeira, Aveiro tendo a mais recente sido a de Leiria-Fátima, contando sempre com a presença dos respetivos bispos.
LJ
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