Relatório publicado pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre indica que a situação se agravou em metade dos países analisados, com destaque para a situação no Burquina Fasso e na Nicarágua
Lisboa, 20 nov 2024 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) divulga hoje o Relatório sobre a Liberdade Religiosa no mundo que mostra um agravamento em metade dos países analisados, nomeadamente Burquina Fasso e na Nicarágua, deslocando-se do Médio Oriente para África.
“O foco estratégico da agressão militante islamista transnacional contra os Cristãos e outros alvos importantes deslocou-se agora decisivamente do Médio Oriente para África”, refere o documento que vai ser apresentado hoje, a partir das 17h30, no Mude-Museu do Design, em Lisboa.
De acordo com o documento “Perseguidos e Esquecidos? Relatório sobre os Cristãos Oprimidos por causa da sua Fé [2022-24]”, embora o militantismo jihadista tenha persistido em zonas do Médio Oriente como Idlib, na Síria, “as autoridades estatais da região fizeram progressos significativos na repressão dos grupos islamistas violentos”.
“Em contrapartida, em regiões do Burquina Fasso, da Nigéria, de Moçambique e noutros locais, os Cristãos foram aterrorizados pela violência extremista”, acrescenta o documento.
A edição de 2024 do relatório sobre a liberdade religiosa avalia “a situação em 18 países onde as violações da liberdade religiosa contra os Cristãos são particularmente preocupantes”, analisando o período entre 1 de Agosto de 2022 e 30 de Junho de 2024.
“’Perseguidos e esquecidos? 2022-24’ concluiu que, em mais de 60% dos países inquiridos, as violações dos direitos humanos contra os Cristãos tinham aumentado desde o último relatório, que abrangia o período 2020-22”, indica o documento.
“O relatório ‘Perseguidos e Esquecidos?’ analisa os desafios que os Cristãos enfrentam em 18 países, onde sofrem uma série de problemas, que podem incluir assédio, detenção, deslocação forçada e assassínio. Estes não são necessariamente os 18 lugares mais perigosos para se viver como cristão, mas sim os países em que a situação dos fiéis tem sido de particular interesse durante o período em análise, que abrange de Agosto de 2022 a Junho de 2024, inclusive”.
O documento da Fundação AIS destaca o agravamento no Burquina Fasso e em Moçambique, onde “as insurgências islamistas em curso levaram à morte de milhares de civis e à deslocação de milhões de pessoas”.
“Os extremistas têm visado especificamente as comunidades cristãs em ambos os países, separando-as dos seus vizinhos muçulmanos e forçando-as a abandonar as suas aldeias em várias ocasiões. No Burquina Fasso, os territórios controlados pelos grupos jihadistas expandiram-se e abrangem actualmente cerca de 40% do país, estando as mulheres cristãs especialmente expostas ao risco de violência sexual por parte dos terroristas”, informa o relatório.
A Nicarágua é incluída pela primeira vez nos indicadores do relatório ‘Perseguidos e esquecidos?’ “devido a uma série de medidas de opressão extrema contra os Cristãos, nomeadamente a detenção e expulsão em massa do clero, incluindo todos os membros da Nunciatura Apostólica” e o presidente da Conferência Episcopal do país.
Numa análise aos indicadores ‘Perseguidos e Esquecidos? Relatório sobre os Cristãos Oprimidos por causa da sua Fé [2022-24]’, a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre lembra que, em 2024, “quase 50% do mundo terá participado em eleições ao longo do ano”, considerando que é “pouco provável que os governos recentemente (re)eleitos tomem medidas para pôr termo à perseguição”.
Para a Fundação AIS, “ignorar a situação dos Cristãos é ignorar os sinais de alarme”, uma vez que nos locais onde são perseguidos, “o direito à liberdade religiosa para todos é posto em causa” e, para além de uma questão de Direitos Humanos, é uma questão de solidariedade entre os cristãos.
O relatório ‘Perseguidos e Esquecidos?’ é apresentado hoje, em Lisboa, pelas 17h30, no auditório do Mude (Museu do Design, situado na Rua Augusta, 24) por Jorge Bacelar Gouveia e conta ainda com o testemunho do padre Jacques Arzouma Sawadogo, que vem do Burquina Fasso para contar de viva-voz como “é a vida dos cristãos no seu país, precisamente um dos em que mais se tem acentuado a perseguição religiosa”. Após a apresentação do relatório, será iluminado de vermelho o monumento a D. José I na Praça do Comércio e, simultaneamente, no outro lado do Tejo, o monumento ao Cristo Rei. Depois de Lisboa, a Fundação AIS vai apresentar ainda o relatório em Santarém, Aveiro e Évora, respetivamente nos dias 21, 22 e 23 de novembro. |
PR