Presidente Internacional da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre pede à União Europeia e à ONU que é necessário consagrar um novo direito fundamental
Lisboa, 16 jan 2020 (Ecclesia) – O presidente internacional da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (FAIS), Thomas Heine-Geldern, afirmou que 2019 foi “um ano de mártires” e pediu às organizações internacionais que defendam a liberdade religiosa como um “direito fundamental”.
“Muito pouco está ainda a ser feito”, afirma o responsável internacional num comunicado da FAIS enviado à Agência ECCLESIA, dirigindo-se à União Europeia e à Organização das Nações Unidas.
Para Thomas Heine-Geldern, “é difícil acreditar que num país como a França se tenham registado mais de 230 ataques contra organizações cristãs durante o ano passado” ou que 40 igrejas tenham sido profanadas e danificadas no Chile.
O presidente da FAIS considera que 2019 foi “um dos anos mais sangrentos da história dos cristãos”, com muitos exemplos de ataques a igrejas e organizações religiosas.
No Sri Lanka, no domingo de Páscoa, um ataque a três igrejas, provocou a morte a 250 pessoas; também a Nigéria, na fronteira com os Camarões, tem conhecido ataques por parte de grupos terroristas islâmicos, como o Boko Haram.
“Na véspera de Natal, a vila cristã de Kwarangulum, no estado de Borno, foi atacada por jihadistas que mataram sete pessoas, sequestraram uma jovem e incendiaram casas e a igreja. Horas depois, outro grupo terrorista, com ligações ao Daesh, divulgou um vídeo onde mostra a execução de dez cristãos e de um muçulmano”, lembrou o presidente.
Já este ano, na noite de 8 de janeiro, quatro seminaristas no estado de Kaduna, centro norte da Nigéria, foram sequestrados.
Mas os casos de perseguição estendem-se a outros países africanos: no Burkina Faso assistiu-se à expulsão de cristãos e ao encerramento de escolas e de igrejas.
“Houve pelo menos sete ataques a comunidades católicas e protestantes, nos quais 34 cristãos foram mortos, incluindo dois sacerdotes e dois pastores”, explica Thomas Heine-Geldern citando informações obtidas pela AIS.
“Os nossos parceiros de projetos falam na tentativa de desestabilização do país, fomentando a conflitualidade entre religiões e promovendo a violência”, evidencia.
O Médio Oriente é outra região com “sinais preocupantes”, assinalados pelo arcebispo de Erbil, no Iraque, D. Bashar Warda.
Desde 2014, com a invasão do Daesh, o auto-proclamado Estado Islâmico, a comunidade religiosa tem “diminuído drasticamente”, tanto no Iraque como na Síria.
O aumento da violência e da perseguição tem, na opinião do presidente internacional da FAIS, aumentado junto da opinião pública a preocupação com a liberdade religiosa.
No balanço que fez de 2019, Thomas Heine-Geldern sublinhou também a solidariedade que permite levar ajuda “a milhares de famílias cristãs vítimas de perseguição e de violência”.
“É muito impressionante ver como leigos, religiosas, padres e bispos, apoiados pela generosidade dos nossos benfeitores, estão a fazer todos os possíveis e impossíveis para aliviar a necessidade espiritual e material do povo na Síria”, refere.
A beleza do trabalho que realizam é ver “além da cruz e do sofrimento”, experimentar “de perto a grande dedicação e amor de muitas pessoas”, concluiu.
LS