Béchara Boutros Raï diz que é preciso «recrear, reconstruir a unidade interna» do país
Cidade do Vaticano, 24 nov 2012 (Ecclesia) – O patriarca libanês Béchara Boutros Raï considera a sua nomeação para cardeal da Igreja Católica, hoje oficializada por Bento XVI, como um grande incentivo para lutar pela paz e pela fé cristã no seu país.
Em entrevista publicada pelo serviço informativo da Santa Sé, o responsável pela comunidade de Antioquia dos maronitas manifesta ao Papa a sua “alegria e gratidão” e mostra-se empenhado em dar um novo “alento” a um povo que vive um “momento muito crítico” da sua história, motivado pela guerra civil na vizinha Síria.
O novo cardeal libanês, de 72 anos, quer “fazer crescer a sua comunidade eclesial na comunhão e no testemunho”, para evitar que “questões políticas” possam ameaçar a “boa convivência” das camadas muçulmana e cristã.
“A crise política gerou um grande problema económico e social, pelo que é preciso olhar para a frente, recrear, reconstruir a unidade interna, apoiar os nossos irmãos cristãos do Médio Oriente, desenvolver laços com os muçulmanos que aliviem a tensão causada pelos radicais e fundamentalistas”, aponta.
Para Béchara Boutros Raï, a mudança mais importante para o Líbano não é a construção de um Estado não confessional, que não contemple a religião, é a renovação de uma “política regional” que, de acordo com o patriarca maronita, é marcadamente “islamita” e contribui para “a divisão” da sociedade libanesa.
“O grande problema aqui e para o Médio Oriente, é o conflito entre sunitas e xiitas a nível regional, que depois tem repercussões no plano internacional”, conclui.
Bento XVI criou hoje no Vaticano seis novos cardeais para a Igreja Católica, num consistório público que, para além do patriarca libanês, incluiu o arcebispo indiano D. Baselios Cleemis Thottunkal, que aos 53 anos se tornou o mais jovem purpurado da Igreja Católica.
A lista de novos purpurados inclui o norte-americano James Michael Harvey, de 63 anos, que passa a ser arcipreste da Basílica papal de São Paulo fora de muros, em Roma, D. John Olorunfemi Onaiyekan, de 68 anos, arcebispo de Abuja (Nigéria); D. Rubén Salazar Gómez, com 70 anos, arcebispo de Bogotá (Colômbia); e D. Luis Antonio Tagle, de 55 anos, arcebispo de Manila (Filipinas).
Aos novos cardeais, Bento XVI pediu para serem “intrépidos servidores do Evangelho” e para contribuírem para o anúncio do “novo reino” de Deus, que “vence toda a fragmentação e dispersão”.
JCP