Letónia: Papa despede-se com apelo à «fraternidade universal» contra isolacionaismo político (c/vídeo)

Missa no santuário mariano de Anglona, a poucos quilómetros da Rússia, reuniu milhares de pessoas

Anglona, Letónia, 24 set 2018 (Ecclesia) – O Papa Francisco presidiu hoje à Missa no santuário internacional da Mãe de Deus, em Anglona, sudeste da Letónia, a cerca de 100 quilómetros da fronteira com a Rússia, deixando uma mensagem em favor da “fraternidade universal”.

“Num período em que parecem voltar mentalidades que nos convidam a desconfiar dos outros, que querem demonstrar-nos com estatísticas que estaremos melhor, teremos mais prosperidade, haveria mais segurança se estivéssemos sozinhos, Maria e os discípulos destas terras convidam-nos a acolher, a apostar de novo no irmão, na fraternidade universal”, disse, na homilia da celebração.

Francisco foi acolhido pelo bispo da diocese local e presidente da Conferência Episcopal Letã, D. Janis Bulis, e por duas crianças em trajes tradicionais.

Após percorrer em papamóvel a área do santuário, onde dezenas de milhares de pessoas se reuniram, apesar da chuva, o Papa deu início à celebração da Missa, com sinais de cansaço na voz.

A intervenção, traduzida em lituano para a multidão, partiu da figura da Virgem Maria, que acompanha a crucifixão de Jesus, “de pé, junto do seu Filho”.

“É assim que Maria Se mostra em primeiro lugar: junto daqueles que sofrem, daqueles de quem todo o mundo foge, nomeadamente os que são julgados, condenados por todos, deportados”, observou Francisco.

O pontífice convidou os católicos a acompanhar quem vive a “cruz da incompreensão e do sofrimento”, para combater “toda e qualquer situação de opressão”.

Peregrinos portugueses no santuário mariano de Anglona.
Foto: Conferência Episcopal da Letónia

” Não se trata apenas de oprimidos ou explorados, mas estão diretamente ‘fora do sistema’, à margem da sociedade “, precisou.

O Papa admitiu que a história do “choque entre os povos” ainda permanece “dolorosamente” viva, mas convidou a superar a tentação da “vingança”, evocando o testemunho de D. Boleslavs Sloskans (1893-1981), bispo sepultado em Anglona, que foi preso e obrigado ao exílio, pelo regime comunista da URSS.

“Que todos nos comprometamos a acolher sem discriminações; que todos, na Letónia, saibam que estamos dispostos a privilegiar os mais pobres, a levantar aqueles que caíram e a acolher os outros, à medida que chegam e se apresentam diante de nós”.

No final da Missa, o Papa deixa uma mensagem de agradecimento a todos os presentes, encerrando a visita de 10 horas à Letónia no heliporto de Anglona.

“Ofereço de presente à Santíssima Mãe de Deus, nesta terra mariana, um terço especial. Que a Virgem vos proteja e sempre vos acompanhe”, declarou.

Durante a sua viagem, Francisco homenageou em Riga os católicos da Letónia, que persistiram na sua fé apesar das “provações” do século XX.

O Papa participou antes numa celebração ecuménica na catedral Luterana de Riga, com representantes de várias Igrejas, perante os quais admitiu que o Cristianismo enfrenta tempos “difíceis e complexos”.

Nas celebrações do centenário da independência da Letónia, o pontífice parou junto Monumento da Liberdade, onde depositou uma coroa de flores, na presença de crianças, jovens e famílias.

Francisco pernoita hoje em Vilnius, capital da Lituânia, país onde começou a deslocação ao Báltico, no sábado, seguindo esta terça-feira para a Estónia, etapa final da 24ª visita apostólica do pontificado.

OC

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