Francisco pede valorização das famílias e elogia integração de culturas e ecumenismo, no primeiro discurso em Riga
Riga, 23 set 2018 (Ecclesia) – O Papa criticou hoje na Letónia o “primado da economia sobre a vida”, apelando à valorização das famílias nas políticas sociais e de desenvolvimento.
Francisco falava às autoridades letãs, representantes da sociedade civil e do corpo diplomático, no Palácio Presidencial, pedindo “estratégias que sejam verdadeiramente eficazes e focalizadas mais nos rostos concretos das famílias, idosos, crianças e jovens, do que no primado da economia sobre a vida”.
“Trabalhar pela liberdade significa comprometer-se num desenvolvimento integral e integrante das pessoas e da comunidade”, acrescentou, na sua primeira intervenção em Riga, onde chegou ao início da manha, após uma visita de dois à Lituânia.
O Papa defendeu que o índice de desenvolvimento humano se deve medir também pela “capacidade de crescer e multiplicar-se”.
“O desenvolvimento das comunidades não se realiza nem se mede apenas pela capacidade de bens e recursos que se possui, mas pelo desejo que se tem de gerar vida e criar futuro”, acrescentou.
A intervenção começou por evocar as “duras provações sociais, políticas, económicas e mesmo espirituais” do povo da Letónia, nas décadas de ocupação nazi e soviética, sublinhando que, hoje, o país é “um dos principais centros culturais, políticos e portuários da região”.
Francisco falou num “lugar de diálogo e encontro, de convivência pacífica” que tem a “capacidade espiritual de olhar mais além”.
Esta atitude, acrescentou, concretiza-se “em pequenos gestos diários de solidariedade, compaixão e ajuda mútua”, rejeitando “todas as tentativas reducionistas e de exclusão que sempre ameaçam o tecido social”.
O Papa deixou ainda elogios ao diálogo ecuménico na Letónia, onde os cristãos são capazes de promover “a comunhão nas diferenças”.
A visita de 10 horas à Letónia é a segunda etapa da viagem aos países bálticos, num programa com cunho ecuménico e de homenagem aos que sofreram perseguições por causa da sua fé; Francisco torna-se o segundo pontífice católico a visitar a Letónia, que recebeu São João Paulo II em 1993, dois anos após o final da ocupação soviética.
Nas celebrações do centenário da independência, o Papa participou numa homenagem no Monumento da Liberdade, com deposição de flores, na presença de crianças, jovens e famílias.
A viagem à Letónia conclui-se no heliporto de Aglona; Francisco pernoita em Vilnius, capital da Lituânia, país onde começou a deslocação ao Báltico, no sábado, seguindo esta terça-feira para a Estónia, etapa final da 24ª visita apostólica do pontificado.
OC