Decisão foi tomada depois da concessão da independência à Igreja Ortodoxa da Ucrânia, até aqui sob a alçada de Moscovo
Cidade do Vaticano, 17 out 2018 (Ecclesia) – A Igreja Ortodoxa Russa rompeu todo o tipo de relações com o Patriarcado Ecuménico de Constantinopla, depois de este ter concedido a independência à Igreja Ortodoxa Ucraniana.
O portal Vatican News refere que esta decisão foi ratificada durante um Sínodo dos bispos ortodoxos russos em Minsk, na Bielorrússia.
Recorde-se que o Patriarcado Ecuménico de Constantinopla, liderado por Bartolomeu I, é considerado como ‘primus inter pares’ entre as várias Igrejas ortodoxas, embora não tenha jurisdição sobre todas elas, ao contrário do que acontece com o Papa, no caso dos católicos.
A Igreja Ortodoxa na Ucrânia estava há vários séculos sob a jurisdição do Patriarcado de Moscovo, daí que este não tenha acolhido de forma positiva a medida do patriarca ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu I.
Ao mesmo tempo que concedeu a independência à Igreja Ortodoxa Ucraniana, Bartolomeu I reabilitou o autoproclamado patriarca de Kiev, que havia sido excomungado pelo Patriarcado de Moscovo por fundar uma igreja independente na Ucrânia.
Numa declaração publicada na página online do Patriarcado de Moscovo, os bispos ortodoxos russos salientam que receberam “com grande dor” as decisões de Bartolomeu I, e declaram a partir de agora ser “impossível continuar em comunhão eucarística com o Patriarcado de Constantinopla”.
No mesmo texto, estes responsáveis religiosos enumeram os motivos que levaram a romper com o Patriarcado Ecuménico de Constantinopla, incluindo a admissão em comunhão de “cismáticos” e de “uma pessoa excomungada por outra Igreja local”.
Também a “interferência nos atos canónicos de outros”, e a “tentativa de recusar decisões e compromissos históricos já assumidos”.
Os responsáveis pela Igreja Ortodoxa Russa alegam que esta conjuntura vai dar lugar a uma cisão religiosa no território.
Para já, o Patriarcado de Moscovo proibiu na Ucrânia todos os ortodoxos sob a sua jurisdição de frequentarem as igrejas que sigam as determinações de Bartolomeu I, decisão que vai influenciar também a vida de sacerdotes e bispos, que poderão arriscar a excomunhão caso fiquem do lado da agora independente Igreja Ortodoxa Ucraniana.
A reforçar a gravidade desta situação, o atual contexto acontece no meio de um conflito armado que ainda perdura entre a Rússia e a Ucrânia.
O responsável pelo departamento para as relações externas do Patriarcado de Moscovo espera que “a razão se imponha e que o Patriarcado de Constantinopla modifique a sua decisão”, tendo em conta “a realidade eclesiástica existente”.
“No entanto, enquanto estiverem em vigor todas as decisões ‘ilegais’ de Constantinopla, não podemos retomar a comunhão eclesiástica”, frisa o metropolita Hilarion de Volokolamsk.
JCP