Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos
Estamos prestes a comemorar o 44º aniversário de uma data histórica, importante e decisiva para o povo português. que foi o 25 de Abril de 1974.
É bom lembrar essa data em que foi derrubada a opressora ditadura em que vivíamos e nos trouxe a liberdade, aboliu a censura, acabou com a PIDE, com os presos políticos, com a guerra colonial, instaurou a democracia e nos fez viver muitos sonhos e realizar alguns anseios com conquistas e transformações na nossa sociedade, muitas das quais ainda hoje perduram.
É bom lembrar que tudo isto aconteceu de forma pacífica, sem violências, e por isso lhe chamaram “Revolução dos Cravos”, e que os seus autores a quem apelidaram de “Capitães de Abril”, pela generosidade, coragem e clemência que demonstraram no derrube da ditadura e pelo seu desapego ao poder, devolveram em cumprimento das suas promessas, o poder à população civil, através de eleições livres e democráticas. Daí resultou a aprovação de uma nova Constituição da Republica Portuguesa, que ainda é garante dos valores e princípios de Abril e consagra o direito à liberdade, à democracia e à igualdade, afirmando no seu atigo1º: “Portugal é uma república soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária”.
Queremos lembrar que a LOC/MTC viveu cerca de 40 anos em tempos de ditadura e viveu, com Abril, tempos de esperança pela realização de uma sociedade nova através de um processo libertador e criativo, como se pode compreender por algo que foi dito em comunicado conjunto sobre o momento que se vivia no país, divulgado pela JOC/JOCF e LOC/LOCF, no dia 1º de Maio de 1974, Dia Mundial dos Trabalhadores, o primeiro que pudemos comemorar em liberdade.
“O Povo Português vive desde o passado dia 25 de Abril acontecimentos que marcam certamente o início duma nova etapa da sua história. Depois de quarenta e oito anos de ditadura repressiva, abrem-se a todos nós horizontes novos onde se anunciam as condições essenciais para que sejamos os autores da nossa libertação e os construtores do nosso futuro. Vitimas de injustiças de toda a ordem, a classe operária portuguesa, através duma luta constante e sempre reprimida, teve um papel preponderante na conquista dos seus direitos a cujo reconhecimento sempre aspirou. No decorrer destes últimos dias, nós militantes destes movimentos vivemos no seio da classe trabalhadora portuguesa valores que sempre inspiraram o nosso projeto de ação, em ordem à construção duma sociedade nova. Com os nossos camaradas de trabalho e de luta, e com o povo em geral, pudemos partilhar a alegria duma solidariedade fraterna, a responsabilidade duma verdade que já pode afirmar-se, a luta pelo triunfo duma justiça necessária e a esperança duma liberdade profundamente realizadora… Enquanto militantes cristãos, acreditamos que estes valores se inscrevem na dinâmica libertadora da mensagem de Jesus Cristo e anunciam aquela fraternidade sem limites a que todos os homens aspiram e que conjuntamente são chamados a construir… Inseridos na nova realidade que o país vive neste momento, e reconhecendo a existência de condições mais favoráveis para o nosso compromisso de militantes, os nossos movimentos continuarão a ser aquele lugar onde revemos a nossa atuação à luz da Fé e celebramos em Igreja os acontecimentos da vida operária e o avanço dos trabalhadores para a sua libertação”
Também é bom lembrar que muitas das situações desastrosas, para os trabalhadores, que têm sido implementadas em Portugal como a destruição dos meios de produção, os elevados índices de desemprego, o emprego precário, a redução dos apoios sociais, a corrupção, as parcerias publico privadas, a globalização, a centralização das instituições económicas e financeiras, a economia paralela, a economia de casino, a intervenção publica nos bancos privados, os paraísos fiscais, a má gestão das empresas, o mau funcionamento e a privatização dos serviços públicos, o mau funcionamento da justiça e a injusta distribuição da riqueza, são claramente contrárias aos princípios e aos valores instituídos com o 25 de Abril de 1974.
Como militantes cristãos continuamos a acreditar que os valores de Abril se inscrevem na mensagem libertadora de Jesus Cristo e que os nossos movimentos são o lugar onde revemos a nossa atuação à luz da Fé e celebramos em Igreja e com os trabalhadores os acontecimentos da vida operária que visem a dignidade do Trabalho e dos Trabalhadores.
LOC/MTC