“É bom saber a doutrina; mas muito melhor praticá-la” disse José Dias da Silva aos mais de uma centena de colaboradores da Cáritas que participaram ontem em Leiria no seu XII Encontro anual. A reunião, convocada pela Cáritas Diocesana para ser espaço de formação, intercâmbio de experiências, formação, oração e convívio, foi presidida por D. António Marto, e contou com a participação de numerosos grupos e voluntários vindos de muitas paróquias da diocese. A intervenção de fundo esteve a cargo daquele perito nas áreas da pastoral social e doutrina social da Igreja, que centrou a sua conferência em torno da conhecida expressão de S: Paulo” Se não tiver caridade, nada sou”, que constitui também o lema da Cáritas Portuguesa para a sua Semana Nacional que decorre até ao dia 15. Com uma linguagem coloquial e muito próxima das realidades que bem conhece, o Dr. José Dias prendeu a atenção da numerosa assembleia, percorrendo o tema do amor cristão nos seus fundamentos humanos e teológicos, à luz da tradição bíblica e dos documentos da Igreja; mas também nas exigências concretas para um modelo diferente de organizar a vida pessoal e a sociedade. “Temos muita experiência em pôr remendos, mas muita dificuldade em atacar as raízes”, disse. Sem subestimar o amor cristão nas suas práticas mais comuns e assistenciais, apontou, sobretudo, para o amor cristão que promove a autodeterminação e que conduz a pessoa assistida à descoberta da sua dignidade; que leva à transformação das estruturas socio-políticas e não se fica pela integração no sistema; que não pensa apenas no tempo presente mas também nas gerações futuras; que é libertador das amarras da dependência, e não apenas protector ou assistencial; que obriga a um modo diferente de ver os pobres, sujeitos da história e não fardos importunos; que é generoso, desinteresseiro e ilimitado, um exercício permanente que não pode ficar-se pelas palavras: “é bom saber a doutrina; mas muito melhor praticá-la”. Nas palavras que dirigiu também aos participantes, D. António Marto referiu-se à actual situação de emergência social, dizendo que os cristãos são chamados a dar suporte ás necessidades básicas da vida, pelo que se torna mais premente e mais urgente o apelo da Cáritas para mobilizar e despertar as consciências para poder repartir. O bispo da diocese exortou a uma convergência de acção não apenas dentro da Igreja, mas também em cooperação com outras instituições civis, para um amor activo, inteligente, atencioso e eficiente. Feito com alegria e generosidade do coração, porventura no silêncio, sem ruído nem espectáculo, porque não procura a gratificação imediata, mas é feito de gratuidade generosa e silenciosa. A iniciativa faz parte das acções que a Cáritas de Leiria preparou para a semana a decorrer: formação para cuidadores de doentes de Alzheimer, no dia 5 na Batalha, com 200 participantes, dádiva de sangue nesta terça-feira em Leiria, e proposta de partilha de bens (peditório) no espaço público, nos próximos dias 12 a 15. Ambrósio Santos