A assistência religiosa e espiritual nos hospitais, até agora realizada pelos capelães hospitalares, pode vir a ser extensiva a assistentes espirituais, leigos. Estão em curso algumas negociações com o Ministério da Saúde, com vista a rever o estatuto do capelão nos hospitais e, segundo o Pe. José Nuno, o Coordenador Nacional de Capelães Hospitalares, “começa a verificar-se a tendência para se nomear Assistentes Espirituais”, ou seja, pessoas que exercem este trabalho, “sendo diáconos ou religiosos”, explicou. “Esperamos no futuro que possam vir a ser leigos”, frisou. O estatuto do capelão hospitalar vai, assim, sofrer alterações, até porque, “toda a cultura está a evoluir no sentido de, o tipo de acompanhamento necessário, poder vir a ser feito por leigos”, acentuou. De acordo com este sacerdote, estas mudanças trazem algumas vantagens. Por um lado, “há um primeiro nível de abordagem em que os leigos são mais capazes” do que o capelão, explicou. Por outro, “representa uma diminuição do número de camas por Capelão/Assistente Espiritual”. Estes e outros temas tem estado em análise, desde terça-feira, em Fátima, no primeiro Encontro Nacional de Capelães e Assistentes Hospitalares, que é ao mesmo tempo um Curso de iniciação, onde participam 20 capelães recém nomeados. Este curso “procura ir ao encontro das necessidades sentidas pelos Capelães/Assitentes Espirituais recentemente nomeados” – sublinhou o Pe. José Nuno – fazendo uma “reflexão de fundo sobre o próprio mundo da Saúde e o Hospital, as grandes exigências pastorais neste tipo de mundo, percebendo que cultura especifica da saúde se respira nos hospitais em Portugal”, referiu o Pe. José Nuno. Durante estes dias tem-se procurado abordar “três competências fundamentais: a espiritual, relacional e ética”. E embora não esteja definido o perfil do Capelão/ Assistente Hospitalar, é pedido a esse que seja, sobretudo, “um homem capaz de relação, abrindo-se ao mistério das outras pessoas, situando-se nesse dialogo com quem está a sofrer”, referiu. Para fazer face à necessidade de formação dos Capelães/ Assitentes Espirituais Hospitalares, está a ser estudada com a Faculdade de Teologia e o Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa, a instituição de um Curso de pós-graduação. “Confirma-se uma grande vontade de que isto exista”, salientou. Actualmente existem no país, cerca de 120 Capelães/Assistentes Hospitalares, 16 foram nomeados nos últimos três anos.