Idalina Gomes, uma leiga missionária portuguesa, foi assassinada em Moçambique, onde se encontrava há um ano, a trabalhar na Missão da Fonte Boa, situada numa zona remota da província de Angónia, a mais de 200 quilómetros de Tete, capital da província com o mesmo nome, junto da fronteira com o Malawi. Estava ao serviço da Organização “Leigos para o Desenvolvimento”. A jovem missionária era natural de Aguiar da Beira. Morreu na sequência de um ataque levado a cabo por um grupo armado, na residência jesuíta onde se encontrava. Na ocasião foi ainda assassinado o Pe. Waldyr dos Santos, brasileiro de 69 anos, tendo ficado feridos outros dois religiosos. António Hilário David, presidente dos Leigos para o Desenvolvimento, referiu à Agência ECCLESIA que, em 20 anos de existência da organização, esta foi a primeira vez que sofreram um ataque deste género, apesar de, anteriormente, se terem registado casos de assaltos nas missões. Nada, aliás, poderia deixar adivinhar semelhante desenlance: “Esta é a sétima missão que temos no terreno e já dura desde 1993. Nunca aconteceu nada de maior”, relata. Sobre a Idalina, advogada de profissão, refere que ela “preparava-se para vir agora de férias e pensava regressar a Moçambique para mais um ano de missão”. Outros dois membros dos “Leigos para o Desenvolvimento” conseguiram refugiar-se no internato masculino”, escapando, assim, à morte. Idalina, contudo, fugiu numa direcção diferente da dos outros e acabou por ser assassinada, tendo sido encontrada com marcas de estrangulamento. A polícia de Moçambique acredita que os homicídios resultaram de um ajuste de contas motivado pela morte de um assaltante numa tentativa de furto de um veículo, há poucos meses. Os Leigos para o Desenvolvimento são uma Organização não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) de cariz católico que, através dos seus voluntários, actua nos chamados países em vias de desenvolvimento, em especial nos de expressão oficial portuguesa. Os seus voluntários são cristãos leigos que, por um ou mais anos, põem as suas capacidades pessoais e profissionais ao serviço da promoção humana, em África e Timor-Leste. Sérgio, um dos três missionários portugueses que se encontrava na missão, acompanhou o transporte do corpo de Idalina até Tete, onde a Organização está a tratar do regresso da missionária para Portugal. Filipa, a outra leiga presente no local, deverá regressar a Portugal com o corpo. A Organização já enviou o seu assistente espiritual e um dos membros da direcção para junto da família da missionária assassinada, a fim de prestarem qualquer apoio necessário. Hilário David explicou ainda que todos os leigos enviados em Missão têm um seguro contra acidentes pessoais, que prevê o caso de morte. Hoje será celebrada uma Eucaristia em sufrágio de Idalina Gomes, pelas 19h00, no Colégio de São João de Brito, em Lisboa. Entretanto, foram canceladas as sessões de apresentação dos Leigos para o Desenvolvimento previstas para Coimbra e Lisboa, esta segunda-feira e na próxima quarta, respectivamente.