«A AD e Luís Montenegro viram a votação reforçada, e tem-se falado pouco disso» – Susana Madureira Martins

Lisboa, 22 mai 2025 (Ecclesia) – A editora de Política da Rádio Renascença destaca que a coligação AD e Luís Montenegro saíram “reforçados” e existiu “o colapso do Partido Socialista” nas Eleições Legislativas deste domingo, onde os portugueses “deram um sinal de que querem estabilidade”.
“Com a maioria absoluta de António Costa, todos pensávamos que íamos ter uma legislatura para quatro anos. É muito difícil de prever o que é que possa aí vir, aparentemente o Partido Socialista, no estado em que está, terá de dar um sinal à AD de que está, pelo menos, disponível para durante um ano ou dois, ou uma ou duas sessões legislativas, dar a mão à AD”, analisou Susana Madureira Martins, esta quinta-feira, dia 22 de maio, em entrevista à Agência ECCLESIA.
As eleições legislativas portuguesas de 2025, para a constituição da Assembleia da República, realizaram-se este domingo, a 18 de maio, a coligação AD — Aliança Democrática, dos partidos políticos PPD/PSD e CDS/PP, foi a vencedora com 86 mandatos.
“A AD e Luís Montenegro saem aqui reforçados, viram a votação reforçada, não é de somenos e tem-se falado pouco disso. Vamos ver, em termos de Ministério Público e de opinião pública, como é que corre, a partir de agora, o caso Spinumviva, não é líquido que não seja agora dissecado pela própria Justiça”, salientou a editora de Política da Rádio Renascença.
Para a jornalista, os portugueses “deram um sinal de que não querem eleições tão cedo, deram um sinal de que querem estabilidade”, e deram também um sinal que “o caso da empresa familiar do primeiro-ministro não era um caso que valorizassem”.
O Partido Socialista (PS) e o Chega saíram da noite eleitoral empatados em segundo lugar, com 58 mandatos cada, o PS tem mais votos, mas ainda falta contar o círculo da emigração, dos portugueses residentes no estrangeiro, onde nas últimas Eleições Legislativas, em 2024, “o Chega ficou com pelo menos dois lugares”.
“É provável que se repita e que o Partido Socialista seja de facto penalizado, e ficar mesmo em terceiro lugar. Os socialistas estão já à espera dessa notícia que o mais provável é a conhecermos a partir de 28 de maio”, acrescentou a jornalista da emissora católica, para quem “foi muito surpreendente o colapso do Partido Socialista”.
Susana Madureira Martins explica que não se refere a um “colapso da esquerda” com os resultados das Legislativas 2025, embora o Bloco de Esquerda tenha sido “praticamente dizimado, só resta uma deputada”, porque o Livre “teve uma votação expressiva, conseguiu eleger pelo menos mais dois deputados”, agora são seis deputados, e viu a “sua força reforçada”, foi o quinto partido mais votado, a seguir à Iniciativa Liberal (IL).
“A esquerda, obviamente, leva um duro golpe, sobretudo o PS, que se tivesse uma coligação pré-eleitoral podia ter uma votação mais expressiva, mas não é apanágio da esquerda e do PS fazer esse tipo de coligações em Legislativas. O PS levou mesmo um colapso, não há outra palavra, não dá para ser mais suave do que uma grande derrota que o Partido Socialista sofreu, e vamos ver até que ponto é que este colapso não terá uma duração prolongada”, desenvolveu a editora de Política da Rádio Renascença.
O presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, começou a ouvir os partidos políticos com representação parlamentar na terça-feira, audições que continuam esta quinta-feira, e, segundo a entrevistada, “vai exigir” acordos.
“O presidente da República vai exigir essas condições de estabilidade que, eu creio, o Partido Socialista neste momento está como que obrigado a dar”, acrescentou Susana Madureira Martins, lembrando que o programa de Governo, “que não tem de ser votado”, já tem “uma moção de rejeição” anunciada pelo Partido Comunista.
A CDU – Coligação Democrática Unitária – do Partido Comunista Português (PCP) e o Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV), perdeu um deputado nestas eleições, e, conseguiu três mandatos.
A editora de Política da Rádio Renascença sublinha que “basta, neste momento, o Partido Socialista” para essa estabilidade, mas assinala que o “Chega também quer dar aqui um sinal de que é um partido estável, responsável”.
LS/CB/OC