Jornalista e editora política da Renascença olha para a pré-campanha eleitoral como um período em que eleitorado deve ser esclarecido sobre programas partidários

Lisboa, 10 abr 2025 (Ecclesia) – Susana Madureira Martins, jornalista e editora de política da Renascença, considera que “o maior adversário das eleições é a abstenção e também da própria democracia”, comentando o ato eleitoral de 18 de maio.
“A tendência de aumento da abstenção indica que as pessoas estão completamente desinteressadas da política e sobretudo daquilo que lhes pode dar realmente resposta. É sinal que não há respostas”, afirmou, em entrevista ao Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2.

Inverter a falta de envolvimento dos portugueses nas eleições legislativas 2025, segundo Susana Madureira Martins, passa por “informar as pessoas”, “fazer perceber que é realmente importante ir à urna de voto”.
“Por mais que as pessoas não sintam que há uma resposta às suas intenções, é mesmo útil, o melhor voto útil é ir às urnas”, declarou.
Abordando o início dos debates televisivos entre os líderes partidários, a jornalista da Renascença espera que esta seja uma “altura para debater temas que estão a preocupar muitas pessoas”.
“As pessoas também, é sabido que votam muito com o bolso e a economia é muito importante”, referiu, acrescentando que é preciso que os candidatos expliquem bem aquilo que pretendem para os salários das pessoas, bem como em termos de fiscalidade, sabendo que “há uma incerteza tão grande no contexto internacional”, referindo-se à nova administração de Donald Trump.
A entrevistada defende que os líderes partidários devem ter “muita cautela nas promessas que fazem” e “não ficar pela trica partidária”, da qual pessoas estão fartas, como indicam as sondagens.
“A tensão é boa, mas quando a tensão começa a ser doentia as pessoas também começam a cansar-se de tal maneira que, a dada altura, quando é para ir votar e para ir à urna, afastam-se”, salientou.
Temas como a defesa, se o serviço militar é obrigatório, para os portugueses saberem se no futuro têm de “mandar os filhos para um eventual conflito dentro da Europa”, devem ser esclarecidos junto do eleitorado, assinala Susana Madureira Martins.
“[Pessoas] precisam de saber isso, precisam de ter alguma segurança no futuro e acho que é um trabalho. Nós temos muita responsabilidade nisso, nós jornalistas, temos muita responsabilidade em fazer as perguntas certas”, realça.
Por outro lado, “os políticos têm a responsabilidade soberana de responder e ser responsabilizados pelas respostas que dão também aos desafios”, entende.
Sobre a forma como os portugueses se informam sobre a campanha eleitoral das legislativas, a jornalista observa que as pessoas “procuram pouco” e sobretudo “a partir das redes sociais”, o “principal adversário” dos jornalistas e também da “própria informação de referência”.
“É muito difícil depois de fazer a triagem e fazer perceber às pessoas qual é que é a informação de referência apurada e verdadeira, o mais verdadeira possível”, mencionou.
Questionada sobre se cabe também aos portugueses orientar o que é discutido nos debates, a editora de política de Renascença considera que a “responsabilidade primeira é dos próprios políticos” e de “quem faz informação”.
“No último debate das rádios, o primeiro tema que foi debatido foi exatamente sobre a estratégia de luta contra a pobreza e muito facilmente o debate resvalou para a segurança social e para as fontes de financiamento da segurança social e não exatamente para essa estratégia de luta contra a pobreza”, lembrou.
De acordo com Susana Madureira Martins, “é muito difícil de colocar o tema da pobreza e de como é que se combate no debate político”, desenvolvendo que por vezes é “uma luta inglória”.
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