Legislativas 2024: Pastoral do Turismo da Igreja Católica apela a «estratégia global» para o setor

Padre Miguel Neto destaca preocupações com localização do novo aeroporto de Lisboa e futuro da TAP

Foto:Agência ECCLESIA/CB

Fátima, 23 fev 2024 (Ecclesia) – O diretor da Pastoral do Turismo – Portugal (PTP), organismo da Igreja Católica, apelou hoje aos partidos políticos, que concorrem às Legislativas 2024 “uma estratégia global que inclua o país inteiro”, após as eleições do próximo dia 10 de março.

“O apelo que a Pastoral do Turismo faz, independentemente da força política que vença as eleições, é que haja uma estratégia global que inclua o país inteiro. Não só se lembre do Algarve, ou de Bragança, ou do interior, quando há eleições e quando se escuta as portagens ou não. Ou seja, tem de haver uma estratégia global para Portugal a nível do turismo”, disse o padre Miguel Neto, esta sexta-feira, à Agência ECCLESIA, em Fátima.

O diretor da PTP destaca que que “o interior do país tem muito a ganhar com o turismo”, como se viu na pandemia de Covid-19, pedindo a valorização de monumentos que pertencem à Igreja Católica, como “igrejas lindíssimas”.

“Se não houver transportes aéreos, ferroviários, rodoviários capazes, nós temos um problema para explorar a vertente turística”, acrescentou, à margem do XX Congresso Internacional de Turismo Religioso e Sustentável (CITRyS), que se realizou nos XI Workshops Internacionais de Turismo Religioso (IWRT).

Neste contexto, o sacerdote algarvio lembrou a questão da localização do novo aeroporto internacional de Lisboa e afirmou que “é importantíssimo que haja uma definição”, porque “é o maior aeroporto do país”, mas destacou que “é também importantíssimo que haja uma companhia aérea portuguesa que se preocupa com o país total”, porque as operações da “TAP estão centralizadas em Lisboa”.

“O papel da TAP, por exemplo, na zona mais turística do país, o Algarve, é completamente residual porque só há voos de Faro para Lisboa, ou seja, nós damos muito mais importância às companhias aéreas ‘low-cost’ (baixo custo), do que a companhia aérea portuguesa, que devia ser um essencial para todos nós”, acrescentou.

Na sua intervenção no XX CITRyS, o padre Miguel Neto apresentou a Pastoral do Turismo – Portugal e ‘boas práticas das dioceses na promoção do turismo religioso’, explicando na entrevista que o que se destaca “é o interesse que começa a ser crescente por usarem o turismo como fator de sustentabilidade e fator de potenciar aquilo que é o seu património”.

“Já não é só a Diocese de Braga que tem a sua estrutura montada, sobretudo no Bom Jesus. A Diocese do Algarve que se preocupa em acolher as pessoas que vêm de fora e ter as celebrações em diversas línguas. Neste momento, a Diocese de Lamego está a fazer um trabalho importantíssimo de divulgação do seu património e criando toda a estrutura para receber e para dinamizar aquilo que é o turismo religioso, que também é muito importante desde logo o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios”, refere.

“Setúbal está a ter uma grande dinamização da sua equipa, Coimbra também está a dar os primeiros passos e Bragança-Miranda continuou a ter a Pastoral do Turismo bem organizada”, acrescenta.

Aos participantes do congresso internacional, o padre Miguel Neto disse que a Igreja Católica e o Estado português são quem tem mais património, no país.

“Começamos a ter essa preocupação real de manter e de rentabilizar para manter. Como digo sempre, muitas vezes as pessoas demonizam o facto de cobrar as entradas, de rentabilizar economicamente o património, mas nós também temos de mostrar que o dinheiro que chega dessa gestão é rentabilizado a favor do património”, disse à Agência ECCLESIA.

Sobres esta participação no XX Congresso Internacional de Turismo Religioso e Sustentável, o padre Miguel Neto afirma que “a Igreja Católica tinha de estar presente”.

CB/OC

Foto:Agência ECCLESIA/CB

No congresso internacional, Sandra Cortês-Moreira, da equipa da Pastoral do Turismo – Portugal, apresentou uma reflexão sobre literacia, sustentabilidade, promoção, no contexto do turismo religioso, que é o seu tema de investigação no doutoramento, e lembrou que se usa o “chavão da sociedade do conhecimento”, mas a verdade é que é a “grande matéria-prima do presente” e é aquilo que faz avançar e faz tornar o mundo mais sustentável.

Neste sentido, questiona como é que se consegue “promover a sustentabilidade” caso não se conheçam “as realidades, as pessoas, as dificuldades que o território apresenta, as dificuldades que o próprio turismo espiritual, enquanto produto, pode suscitar”.

“Todos os atores, todos os mediadores, todas as pessoas que estão envolvidas na indústria e também o território, os lugares, a cultura, a identidade, estas pessoas têm o papel fundamental de promover o conhecimento global, o desenvolvimento global do ser humano e o desenvolvimento global do ser humano promove precisamente esta relação entre saber respeito, ética, valores”, desenvolveu.

Sandra Cortês-Moreira acrescenta que é importante conhecer o outro e fazer aquilo que o Papa Francisco “desafia”, pede na Encíclica ‘Laudato Si’: “Aprender e educar-nos para a ecologia, para termos uma espiritualidade ecológica”.

 

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Agência ECCLESIA

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