ACEGE fala em ato eleitoral «da maior importância para o futuro de Portugal»
Lisboa, 15 fev 2024 (Ecclesia) – A Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) apresentou uma tomada de posição pública sobre as legislativas de 10 de março, alertando para um “inédito contexto de polarização política” no país.
“Com o empolar dos extremos, a política portuguesa caminha baseada no confronto e na incapacidade de diálogo, com indesejável perspetiva de instabilidade ou de impasse, num tempo de riscos imensos, num mundo com relevantes guerras abertas de evolução imprevisível”, indica a nota, enviada à Agência ECCLESIA, falando num momento “da maior importância para o futuro de Portugal.
Os responsáveis sublinham que a decisão de voto é “demasiado relevante para que a abstenção ou o mero protesto devam ser opções tomadas de ânimo leve”.
“É crítico decidir para construir”, apelam os empresários e gestores cristãos.
A tomada de posição alude a um “quadro de falta de esperança coletiva no futuro”, marcado por um “perigoso declínio demográfico”, um “quadro de enorme pobreza” e um “ambiente de asfixia das classes médias”.
“A decisão eleitoral ocorre num contexto de degradação dos serviços públicos, em particular nas áreas da saúde, da educação, da habitação e da segurança interna, para a qual são urgentes políticas públicas renovadas”, lamenta a ACEGE.
A decisão de 10 de março ocorre perante a evidência de que não há outra resposta para erradicar a pobreza, sustentar o Estado Social e tornar Portugal atrativo para os seus próprios jovens que não seja um sólido e histórico processo de criação de riqueza, onde todos somos chamados a participar”.
O documento apresenta as empresas como um “decisivo fator de esperança”, sempre que são geridas “com responsabilidade e ética, tendo o amor e a verdade como critérios de gestão”.
“Só através de empresas humanizadas e sustentáveis, capazes de criar empregos de qualidade, com salários dignos e atrativos, que valorizem as pessoas, podemos aspirar a desenvolver o país e a estancar a fuga de juventude e de talento de Portugal”, indica a ACEGE.
A organização sustenta que os investidores, empresários e líderes empresariais têm “uma missão essencial a desempenhar com o seu trabalho, em convergência com o Estado”, a quem se pedem “serviços públicos eficientes, um sistema de educação competente, segurança pública, justiça célere e previsibilidade legal e fiscal”.
A tomada de posição alerta para peso da economia não registada no PIB, que em 2022 poderá ter correspondido a 82 232 milhões de euros, questionando a “exagerada carga fiscal sobre pessoas, famílias e empresas, bem como das contribuições para a segurança social”.
Em véspera de eleições legislativas, a ACEGE alerta que “o eventual não desagravamento da carga fiscal fará caminhar Portugal para uma economia em que, tendencialmente, quase metade da riqueza poderá vir a ser produzida fora de impostos”.
Os empresários e gestores cristãos criticam o que classificam como “pensamento estatista” e propõem um “pensamento neossocial, entendido este como a abordagem moderna e reformadora às novas realidades, com importante contribuição da doutrina social cristã”.
“Estará em causa a escolha entre duas visões para o desenvolvimento de Portugal: partindo da orientação do Estado, ou da Sociedade; entre um Estado prestador universal, e um Estado garante da prestação dos serviços sociais e da sua qualidade”, pode ler-se.
O texto saúda a proposta da CIP para o “pagamento voluntário de um 15.º salário aos trabalhadores, isento de encargos fiscais e sociais”, como possibilidade “concreta de aumento imediato e significativo dos salários reais dos trabalhadores”.
OC