Jornalista aponta a decisão feita «em consciência, com discernimento, de acordo com alguns critérios»
Lisboa, 07 mar 2024 (Ecclesia) – A jornalista Raquel Abecasis defendeu, em entrevista à Agência ECCLESIA, que o direito de voto é uma “responsabilidade individual” e é “o mínimo” que cada cidadão pode fazer para depois “exigir uma sociedade que seja ideal”.
“Eu diria que é impensável um católico achar que essa é uma responsabilidade que deve ficar nas mãos de outros e que se abstenha dessa responsabilidade. É uma responsabilidade que deve ser exercida em consciência, com discernimento, de acordo com alguns critérios”, afirmou, no âmbito das eleições legislativas do próximo domingo.
A jornalista é a convidada do Programa ECCLESIA, transmitido esta quinta-feira, na RTP2, abordando o encontro de apresentação do manifesto de juízo do movimento católico “Comunhão e Libertação”, sobre ato eleitoral que se aproxima, o qual teve como objetivo ser “uma tentativa de dar um contributo para o momento político que se avizinha”.
“Aquilo que nós tentámos fazer foi, no fundo, tentar reunir um bocadinho aquilo que são as questões principais que nos devem motivar na hora de escolher em quem votar”, explica Raquel Abecasis.
O documento resulta de um encontro que decorreu a 5 de março, com o tema “Uma oportunidade para colocar o homem no centro da política para fazer renascer a Esperança – Eleições de 10 de março de 2024”.
“Aquilo que é mais importante é tentar apostar em projetos que nos permitam exercer a nossa liberdade e a nossa responsabilidade enquanto sociedade, enquanto comunidades e de uma forma que o Estado não se imponha como aquele que dita tudo, aquilo que nós temos possibilidade de fazer, mas aquele que nos ajuda a construir essa sociedade, suprimindo algumas faltas”, acrescenta a entrevistada.
O encontro incidiu sobre quatro pontos -s a liberdade de educar, a liberdade religiosa, o apoio ao mais pobres e o direito de viver – que, segundo Raquel Abecasis, são fundamentais para “viver numa sociedade livre” e “construtiva”.
“Na educação está também o nosso futuro e na educação está a nossa capacidade de projetar nos nossos filhos, nas gerações mais novas, aquilo que é um conceito de vida ideal, seja ele qual for. E, portanto, essa liberdade não deve ser retirada às pessoas e não deve sobretudo ser substituída pelo Estado”, salientou.
Sobre a liberdade religiosa, Raquel Abecasis indicou que esta permite a possibilidade de a religião não ser “uma coisa escondida dentro de quatro paredes, mas que possa ser uma coisa que se manifesta em sociedade”.
“O homem completo precisa dessa dimensão e as sociedades constroem-se também com essa dimensão”, insiste.
No que toca ao apoio aos mais necessitados, a jornalista referiu que esta é essencial para a construção de uma sociedade que cresce “como um todo e não com diferenças grandes entre certos setores da população”.
“E depois, finalmente, a questão da vida, porque o respeito à vida é para nós a coisa mais essencial e, para uma sociedade democrática que pretende a felicidade das pessoas, o respeito à vida é absolutamente essencial”, reiterou.
No manifesto, Comunhãpo movimento Comunhão e Libertação assinala que “a democracia não se resume ao direito de votar, mas é o direito de construir realidades sociais de acordo com um ideal partilhado”.
A Agência ECCLESIA publica documentos e opiniões sobre as Legislativas 2024 no separador www.agencia.ecclesia.pt/portal/legislativas2024.
HM/LJ/OC