Vaticano: Papa Leao XIV preside a Missa que assinala início do pontificado

Ritos da celebração incluem entrega do anel do pescador e do pálio, com voto de «obediência» em nome da Igreja

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 18 mai 2025 (Ecclesia) – O Papa celebra hoje, no Vaticano, a Missa de início do ministério petrino, com a entrega do anel do pescador e do pálio papal, símbolos da sua autoridade como bispo de Roma.

A Praça de São Pedro começou a receber peregrinos a partir das 06h00 (hora local, menos uma em Lisboa) e Leão XIV vai chegar, em papamóvel, pelas 09h00, uma hora antes do início da celebração eucarística, para saudar os participantes.

A Missa de início solene de pontificado deve reunir centenas de milhares de pessoas na Praça de São Pedro e nos espaços circundantes.

Antes da Eucaristia, com início marcado para as 10h00 de Roma (09h00 de Lisboa), o novo Papa desloca-se ao interior da Basílica do Vaticano, ao som da antífona ‘Tu es Petrus’ (Tu és Pedro), acompanhado pelos patriarcas das Igrejas Católicas Orientais, para rezar junto ao túmulo de São Pedro.

“Este momento sublinha o estreito vínculo do bispo de Roma com o Apóstolo Pedro e o seu martírio, precisamente no lugar onde o primeiro vigário de Cristo confessou com o sangue a sua fé, juntamente com tantos outros cristãos que com ele deram o mesmo testemunho”, indica o portal de notícias do Vaticano.

Neste local estão o pálio papal e o anel do pescador, além do livro dos Evangelhos, que dois diáconos vão transportar, em procissão, até ao altar exterior, na Praça de São Pedro, – onde estava o circo do imperador romano Nero, responsável pelo martírio do apóstolo, por volta do ano 64.

O percurso de saída da Basílica decorre ao som das ‘Laudes Regiae’ (louvor ao rei, em honra a Cristo), na qual se invocam vários santos, em particular os que foram Papas.

Os presentes rezam para que “Leão, romano pontífice, reúna todos os povos através da doutrina e da caridade”.

“Ó Deus, que no desígnio da tua sabedoria edificaste a tua Igreja sobre a rocha de Pedro, chefe do colégio apostólico, olha com benevolência para mim, teu servo: tu que me escolheste como sucessor de Pedro, fazei que eu torne visível ao teu povo o princípio e o fundamento da unidade na fé e da comunhão na caridade”, reza o próprio Papa.

A Missa do “início do ministério petrino do bispo de Roma” é concelebrada pelos cardeais e patriarcas orientais presentes no Vaticano.

Na porta central da Basílica do Vaticano vai ser colocada uma tapeçaria que evoca a pesca milagrosa, uma passagem dos Evangelhos que inspira vários elementos da celebração.

A Santa Sé adianta que, ao lado do altar, vai estar a imagem Nossa Senhora do Bom Conselho, do Santuário de Genazzano, que o Papa visitou a 10 de maio, sem anúncio prévio.

Após a proclamação do Evangelho, em latim e grego – simbolizando a universalidade da Igreja – vão aproximar-se de Leão XIV três cardeais das três ordens (diáconos, presbíteros e bispos) do Colégio Cardinalício, naturais de vários continentes: D. Dominique Mamberti, protodiácono, impõe-lhe o pálio; D. Fridolin Ambongo Besungu, da República Democrática do Congo, pede, com uma oração especial, a presença e a assistência de Jesus sobre o Papa: o cardeal Luis Antonio Tagle, das Filipinas, pó-prefeito do Dicastério para a Evangelização, entrega-lhe o anel do pescador, momento que se conclui com uma oração ao Espírito Santo.

Antes da homilia de Leão XIV, a cerimónia inclui ainda o rito simbólico de “obediência”, prestada ao Papa por doze representantes de várias partes do mundo: os cardeais Francis Leo (Canadá), Jaime Spengler (Brasil) e John Ribat (Papua-Nova Guiné); o bispo Luis Alberto Barrera, do Peru; o padre Guillermo Inca Pereda, secretário-geral da Conferência Episcopal Peruana; o diácono Teodoro Mandato; a irmã Oonah O’Shea e o padre Arturo Sousa, em nome das Uniões Gerais de Superiores Gerais dos Institutos Religiosos femininos e masculinos; o casal Rafael Santa Maria e Ana María Olguín; e os jovens Josemaria Diaz e Sheyla Cruz.

O Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice divulgou o anel do pescador que (anulus piscatoris) faz parte das insígnias oficiais do Papa, enquanto sucessor do apóstolo Pedro, pescador da Galileia.

A obra apresenta a imagem de São Pedro com as chaves e a rede, símbolos associados ao primeiro Papa da Igreja Católica.

O anel tem a designação “do pescador” para recordar que “Pedro é o apóstolo pescador que, tendo acreditado na palavra de Jesus, tirou da barca as redes da pesca milagrosa”.

“Tem o significado particular do anel que autentica a fé e indica a tarefa confiada a Pedro de confirmar os seus irmãos, tarefa que, portanto, é transmitida também ao Papa Leão XIV”, indica a nota da Santa Sé.

No interior do anel do novo pontífice encontram-se elementos do seu brasão com referências à Virgem Maria e a Santo Agostinho.

O Departamento de Celebrações Líturgicas do Sumo Pontífice divulgou também imagens do pálio, “símbolo do bispo como bom pastor e, ao mesmo tempo, do Cordeiro crucificado para a salvação da humanidade”, que é usado pelos bispos de Roma desde o século IV.

Leão XIV optou por manter a insígnia litúrgica de honra e jurisdição usada por Francisco, igual à dos arcebispos metropolitas em todo o mundo – uma faixa de lã branca e seda negra, com seis cruzes -, e vai voltar a usar os três cravos, em três cruzes específicas, que evocam a crucifixão de Jesus.

A celebração, em latim, inclui a proclamação do Evangelho em grego – simbolizando a universalidade da Igreja – e orações em português, inglês, espanhol e árabe, entre outras línguas.

No Vaticano vão estar delegações de outras Igrejas cristãs e religiões, além de chefes de Estado e de Governo de vários países, incluindo Portugal, com lugar de destaque para os responsáveis da Itália, EUA (país natal do novo Papa) e Peru (onde Leão XIV foi missionário e bispo).

Tal como em 2013, no início do pontificado de Francisco, marca presença no Vaticano o patriarca ecuménico (Igreja Ortodoxa) de Constantinopla, Bartolomeu, o primeiro a participar nestas celebrações desde o cisma que separou católicos e ortodoxos em 1054.

Após a recitação da oração do ‘Regina Coeli’, na Praça de São Pedro, Leão XIV regressa ao interior da Basílica, onde cumprimenta as mais de 150 delegações que representam Estados e organizações internacionais.

O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, prefeito do Dicastério para os Bispos (Santa Sé), foi eleito como Papa, após pouco mais de 24 horas de Conclave, a 8 de maio, assumindo o nome de Leão XIV; o primeiro pontífice agostiniano foi prior geral da Ordem de Santo Agostinho, com sede em Roma, entre 2001 e 2013.

OC

 

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