D. Francisco Senra Coelho indica que é o Papa de «uma nova época que está para nascer», com a Inteligência Artificial
Évora, 09 mai 2025 (Ecclesia) – O arcebispo de Évora afirmou que o novo Papa “é o Leão XIV de uma nova época que está para nascer”, e destacou aspetos importantes da sua biografia, da experiência missionária à Cúria Romana, numa saudação ao pontífice.
“É um homem com autoridade para, como norte-americano, falar da humanização e do sentido profundo que a pessoa humana reveste na dimensão antropológica, e de modo muito vincado no cristianismo. É um missionário, é alguém que é agente da promoção humana, alguém que vai em missão para um povo bem marcado pela pobreza e pelo sofrimento, pela discriminação, a precisar de libertação”, disse D. Francisco Senra Coelho, numa entrevista de saudação ao novo Papa, enviada à Agência ECCLESIA.
O arcebispo de Évora explica que a nacionalidade do novo Papa é “o primeiro aspeto importante” a perceber, é dos Estados Unidos da América (EUA), “da América do Norte que vive uma turbulência muito grande que afeta o próprio mundo”, e essa “referência muito interessante” deve fazer pensar o país.
“Nos Estados Unidos podem hastear a sua bandeira, mas hasteiam uma bandeira que tem a marca da humanização, a marca da missionação: ele esteve com aqueles que hoje são migrantes, quantos por ano não vão para os Estados Unidos e quantos não serão rejeitados. Ele está do lado dos rejeitados, dos que sobram, na periferia da América do Norte”, desenvolveu o responsável católico, sobre uma política de “excluir aqueles que não servem e não de integrar”.
O cardeal Robert Francis Prevost, prefeito do Dicastério para os Bispos, foi eleito como Papa, esta quinta-feira, após dois dias de Conclave, e assumiu o nome de Leão XIV; o primeiro pontífice norte-americano, de 69 anos de idade, foi missionário e bispo no Peru, e superior geral da Ordem de Santo Agostinho (Agostinhos).
O novo Papa, enquanto missionário dos Agostinhos no Peru, foi enviado para trabalhar na missão de Chulucanas, em 1984, “uma experiência marcante na sua vida”, o Papa Francisco nomeou-o administrador apostólico da Diocese de Chiclayo (Peru) a 3 de novembro de 2014, para o arcebispo de Évora “o seu trabalho é de tal maneira vincado” que Francisco chama-o para os dicastérios do Clero (2019), e dos Bispos (2020), sendo nomeado prefeito deste último a 30 de janeiro de 2023.
“Percebemos que é um machado do Papa Francisco. O Papa Francisco encontrou neste homem, neste Robert Francis Prevost, um dom e entregou-lhe uma diocese nos seus inícios, e depois vai chamá-lo para uma missão importantíssima que é o Dicastério para os Bispos, em que ele vai trabalhar na eleição daqueles que são os sucessores dos apóstolos”, salientou.
E como prefeito do Dicastério para os Bispos, salientou também D. Francisco Senra Coelho, o novo Papa “está no processo da busca de novos bispos”, que hoje é um dos temas em debate, integra os grupos de estudo que abordam temas propostos pela primeira sessão sinodal, em outubro de 2023, “é uma pessoa profundamente preparado para temas que vêm aí no rescaldo, e ao mesmo tempo na continuação da sinodalidade”.
D. Francisco Senra Coelho lembra que o pontífice anterior com este nome foi Leão XIII, o Papa da Carta Encíclica ‘Rerum Novarum’, sobre a condição dos operários, na “era da revolução industrial, da máquina a vapor”, enquanto Leão XIV vive “outra grande revolução tecnológica, digital, deste mundo novo que vem com a inteligência artificial”.
“’Rerum Novarum’ quer dizer acerca das coisas novas, e a inteligência artificial é a grande novidade. Penso que este Papa, ao escolher o nome Leão, talvez tenha tido em conta o tempo novo que o espera”, realçou.
A Missa para a “solene inauguração” do pontificado do Papa vai decorrer a 18 de maio, pelas 10h00 (menos uma em Lisboa), na Praça de São Pedro.
CB/OC