Leão XIV: Responsável português projeta documento sobre o trabalho, perante desafios da inteligência artificial

Padre Pedro Lima, assistente nacional da Pastoral Operária, acredita que o novo Papa vai dedicar atenção particular ao setor

Foto oficial do Papa Leão XIV (Vatican Media)

Lisboa, 18 mai 2025 (Ecclesia) – O padre Pedro Lima, assistente nacional da Pastoral Operária da Igreja Católica em Portugal, disse esperar que Leão XIV dedique um novo documento ao trabalho, perante os desafios levantados pela inteligência artificial.

“Após 90 anos da ‘Rerum Novarum’, tivemos uma encíclica do Papa João Paulo II, ‘Laborem Exercens’, e desde lá existiram muitas mudanças. O magistério da Igreja ainda não está muito cimentado sobre a inteligência artificial e sobre os novos desafios, mas parece-me que este Papa já tem algo a pensar sobre isso”, refere o convidado da entrevista semanal conjunta Ecclesia/Renascença, emitida no dia da Missa de início solene do pontificado.

“Não será de surpreender que apareçam documentos do magistério sobre esta temática”, acrescenta o sacerdote da Diocese de Angra.

O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, prefeito do Dicastério para os Bispos, foi eleito Papa a 8 de maio, após pouco mais de 24 horas de Conclave, escolhendo o nome de Leão XIV, numa referência a Leão XIII, Papa entre 1878 e 1903, que inspirou a escolha do seu nome, autor da encíclica social ‘Rerum Novarum’, em 1891.A

“A nossa expectativa, na Pastoral Operária, é que será um Papa da doutrina social da Igreja, um Papa dos trabalhadores, dos operários, que vai ao encontro da vida das pessoas, promovendo aquilo que ele já mencionou nas suas mensagens: a justiça, a dignidade”, indica o padre Pedro Lima.

O assistente nacional da Pastoral Operária e do Apostolado de Adolescentes e Crianças alerta para um “tsunami de informação, às vezes com a falta da verdade, do conteúdo, do ser”.

“A inteligência artificial e todos estes desafios podem-nos fazer cair no perigo de perder a nossa identidade”, prossegue.

O sacerdote espera que a reflexão do novo pontificado ajude a doutrina social a responder a questões como uma inteligência artificial ao serviço de todos e sem fins bélicos, por exemplo.

“Acho que devem existir balizas, critérios, para sabermos como utilizar estes novos meios”, insiste.

O responsável católico conta ainda com a palavra de Leão XIV sobre temas como as migrações ou a crise da habitação, em particular para as novas gerações.

“Vemos que os jovens sofrem de uma grande incerteza relativamente ao futuro, sobretudo a nível do trabalho, a nível habitacional. É cada vez mais difícil a emancipação, e a mensagem do Papa é esta:  não tenham medo”, declara.

O padre Pedro Lima diz que o novo pontífice se apresentou “um estilo humilde e simples”, algo que os jovens procuram, e deseja que todos os responsáveis saibam acolher “este espírito juvenil, reivindicativo, até às vezes irreverente”.

“Esperemos que seja um Papa que consiga falar aos jovens, com a linguagem própria dos jovens”, acrescenta.

Questionado sobre a impressão que o início do pontificado tem deixado, o sacerdote destaca a “mensagem assertiva, coerente” e o “estilo simples, humilde” de Leão XIV.

“É um homem cheio de Deus, e nós vemos isso”, conclui.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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