Novo Papa tem sido acompanhado por multidões, em celebrações no Vaticano
Lisboa, 08 jun 2025 (Ecclesia) – O Papa Leão XIV completa hoje um mês de pontificado, marcado por apelos à paz e por várias celebrações no Vaticano, acompanhadas por centenas milhares de pessoas.
Robert Francis Prevost, até então prefeito do Dicastério para os Bispos, foi eleito como Papa a 8 de maio, após dois dias de Conclave, assumindo o nome de Leão XIV.
O primeiro pontífice norte-americano, de 69 anos de idade, antigo missionário e arcebispo no Peru e superior geral da Ordem de Santo Agostinho, apresentou-se à multidão com votos de paz “a todos os povos, a toda a terra”, antes da bênção ‘Urbi et Orbi’, numa intervenção escrita e visivelmente emocionado.
A preocupação com a paz levou o Papa a receber, em audiência privada, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, a 18 de maio, após a Missa de início solene de pontificado.
“A autoridade e a voz da Santa Sé podem desempenhar um papel importante para pôr fim a esta guerra. Agradecemos ao Vaticano pela sua disponibilidade em servir de plataforma para negociações diretas entre a Ucrânia e a Rússia”, escreveu Zelensky.
Um dia depois, Leão XIV recebeu o vice-presidente dos EUA, J. D. Vance, tendo as duas partes desejado que “o direito humanitário e o direito internacional sejam respeitados nas zonas de conflito e que haja uma solução negociada entre as partes envolvidas”.
A 23 de maio, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, rejeitou a ideia de uma ronda de negociações para a paz entre a Rússia e a Ucrânia no Vaticano, que se tinha mostrado disponível para acolher o encontro.
Já a 4 de junho, o Papa e o presidente da Rússia mantiveram uma conversa telefónica, que abordou o conflito na Ucrânia.
“O Papa apelou à Rússia para que fizesse um gesto em prol da paz, salientando a importância do diálogo para o estabelecimento de contactos positivos entre as partes e a procura de soluções para o conflito”, referiu o Vaticano, em nota enviada aos jornalistas.
Os primeiros encontros de Leão XIV tinham sido dedicados aos cardeais que acompanharam a eleição pontifícia, aos quais justificou a escolha do nome, apontando aos desafios da “inteligência artificial” e outra “revolução industrial”.
A primeira saída do Vaticano aconteceu a 10 de maio, para uma visita surpresa ao Santuário de Nossa Senhora do Bom Conselho, em Genazzano, cerca de 50 quilómetros a leste de Roma.
No dia seguinte, domingo, Leão XIV presidiu pela primeira vez ao ‘Regina Coeli’, perante cerca de 100 mil pessoas, apelando ao fim da violência que ameaça a humanidade, nos 80 anos do fim da II Guerra Mundial.
A 12 de maio, o Papa concedeu uma audiência aos milhares de profissionais da Comunicação Social que acompanharam o Conclave, apelando à libertação dos jornalistas que encontram presos.
Dois dias depois, Leão XIV denunciava no Vaticano os “massacres” de vidas jovens em cenários de guerra na Ucrânia e Médio Oriente, ao receber responsáveis das comunidades católicas nestas regiões.
Um dos principais discursos do início do pontificado aconteceu a 16 de maio, na primeira audiência aos membros do Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé, junto dos quais o Papa apelou ao combate às desigualdades globais e ao acolhimento dos migrantes.
Perante embaixadores dos cinco continentes, Leão XIV defendeu o desarmamento e o reforço do diálogo “multilateral” para superar os conflitos.
A Missa de início do ministério petrino levou mais de 150 delegações oficiais e centenas de milhares de pessoas ao Vaticano, a 18 de maio, diante das quais o Papa pediu Igreja “unida” para responder aos desafios colocados pelas desigualdades e os conflitos que marcam a humanidade.
“No nosso tempo, ainda vemos demasiada discórdia, demasiadas feridas causadas pelo ódio, a violência, os preconceitos, o medo do diferente, por um paradigma económico que explora os recursos da terra e marginaliza os mais pobres” disse, depois de ter chegado à Praça de São Pedro em papamóvel, tendo passado durante largos minutos entre a multidão, que o saudou com aplausos e gritos de “Papa Leone”.
Na segunda-feira seguinte, o pontífice encontrou-se com os representantes de Igrejas cristãs e outras religiões que se deslocaram ao Vaticano, assumindo o objetivo de reforçar o “caráter sinodal da Igreja Católica”.
A primeira audiência geral aconteceu a 21 de maio, na Praça de São Pedro: “É cada vez mais preocupante e dolorosa a situação na Faixa de Gaza. Renovo o meu veemente apelo para que seja permitida a entrada de ajuda humanitária digna”.
Na audiência aos participantes na assembleia geral anual das Obras Pontifícias Missionárias, a 22 de maio, Leão XIV apelou ao compromisso da Igreja perante um mundo “ferido pela guerra”, destacando a mensagem universal de “uma paz verdadeira e duradoura”, apresentada pelo Cristianismo.
A 25 de maio, o Papa tomou posse da Cátedra do Bispo de Roma, na Basílica de João de Latrão, pedindo uma Igreja marcada pela “ternura” e a “escuta”, antes de deixar uma mensagem de esperança para as vítimas das “guerras, da violência, da pobreza”.
A segunda audiência geral, a 28 de maio, voltou a ficar marcada pela guerra no Médio Oriente.
“Da Faixa de Gaza, sobe ao céu com cada vez mais intensidade o choro das mães e dos pais que seguram junto de si os corpos sem vida dos seus filhos e que são constantemente obrigadas a deslocar-se, em busca de algum alimento e de um abrigo mais seguro contra os bombardeamentos”, referiu Leão XIV, no final da audiência pública semanal, que decorreu na Praça de São Pedro.
No dia 31 de maio, o Papa ordenou, na Basílica de São Pedro, 11 diáconos da Diocese de Roma, com uma mensagem para o clero de todo o mundo: “Juntos, reconstruiremos a credibilidade de uma Igreja ferida, enviada a uma humanidade ferida, dentro de uma criação ferida. Não somos ainda perfeitos, mas é necessário ser credíveis”.
Dezenas de milhares voltariam a reunir-se, a 1 de junho, para o Jubileu das Famílias, na Praça de São Pedro, onde Leão XVI evocou “aquelas que sofrem por causa da guerra no Médio Oriente, na Ucrânia e noutras partes do mundo”
No mesmo dia, o Papa saudou os ciclistas do ‘Giro’ de Itália, à passagem pelo Estado da Cidade do Vaticano, na última etapa da prova, uma das mais importantes do calendário velocipédico internacional.
A caminho de nova celebração do Jubileu, Leão XIV recebeu esta sexta-feira os responsáveis das associações de fiéis, dos movimentos eclesiais e das novas comunidades, afirmando que “ninguém é cristão sozinho”.
Roma acolhe entre sábado e domingo, solenidade de Pentecostes, o Jubileu dos Movimentos, Associações e Comunidades, no contexto do Ano Santo 2025.
O Vaticano estima a participação de mais de 70 mil peregrinos provenientes de mais de 100 países do mundo, incluindo Portugal.
OC