Cardeal de Setúbal afirma o norte-americano vai conseguir construir «pontes para a paz mundial»

Paulo Rocha, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
Cidade do Vaticano, 09 mai 2025 (Ecclesia) – O cardeal D. Américo Aguiar disse hoje que o Papa Leão XIV conjuga, “quer pela família, quer pela experiência”, “muitas possibilidades” de o seu pontificado “correr muitíssimo bem”.
“Estou convencido que quanto mais a pessoa em causa carregar uma história de vida e experiência de vida o mais transversal possível em relação à sociedade, mais facilmente vai ser sensível, ser sábio e entender, responder e ajudar a criar as pontes. Porque quanto mais nós conhecemos a realidade, mais somos capazes de tomar a iniciativa e nos pronunciarmos sobre ela”, afirmou o bispo de Setúbal num encontro com os jornalistas portugueses, no Pontifício Colégio Português, em Roma.
“A par da revolução industrial, que Leão XIII atravessou, D. Américo Aguiar lembrou a “revolução digital” que o mundo, agora no pontificado de Leão XIV.
O cardeal português sublinhou que o Papa, “felizmente eleito, conjuga nele, quer pela família, quer pela experiência compacta muita possibilidade das coisas correrem muitíssimo bem, é isso que desejamos para ele, para a Igreja e para o mundo, o que tanto precisa”.
O cardeal Robert Francis Prevost, prefeito do Dicastério para os Bispos, foi eleito como Papa, esta quinta-feira, após dois dias de Conclave, e assumiu o nome de Leão XIV; o primeiro pontífice norte-americano, de 69 anos de idade, foi missionário e bispo no Peru, e superior geral da Ordem de Santo Agostinho (Agostinhos).
O bispo de Setúbal deu conta que ofereceu ao Papa Leão XIV um “terço da Jornada Mundial da Juventude”, evento decorrido em Lisboa, em 2023, no qual o então cardeal Prevost participou.
“Eu pedi que ele abençoasse o terço, a primeira bênção, e ofereci-lhe. Temos consciência daquilo que significa a todos aqueles que nos fizeram chegar as orações, nos fizeram chegar os seus pedidos, nos fizeram chegar a solidariedade. Não tenho dúvida nenhuma, que seja Setúbal, seja Lisboa, seja Fátima, seja Portugal inteiro e tantos, tantos, tantos que fizeram chegar orações e pedidos”, indicou.
Sobre a experiência de estar na Capela Sistina, juntamente com 133 cardeais, D. Américo Aguiar disse que “o Espírito Santo facilitou muitíssimo o trabalho”.
“A partir do momento que a porta se fechou, os corações abriram, as mentes ficaram iluminadas e rapidamente saiu fumo branco. Foi uma experiência única e que não tem nada a ver, nada, não tem absolutamente nada a ver com aquilo que estávamos habituados aos livros e aos filmes e companhia. Portanto, lamento muito desiludir-vos”, explicou ainda o bispo de Setúbal.
O cardeal Américo Aguiar afirma-se “muito feliz” com o que os cardeais foram capazes de “interpretar, sentir e materializar”, falando numa “eleição muito feliz do querido Papa Leão XIV”.

O bispo de Setúbal lembra a história pessoal do cardeal Robert Francis Prevost, “filho de imigrantes”, e enaltece características pessoais: “Muito discreto, muito afável”.
“Quando estamos a viver hoje, aquele déficit de vozes encantatórias no mundo, não há dúvida nenhuma que neste déficit termos agora um Papa que é americano, que é filho de migrantes, tem uma experiência particularmente rica e sugestiva da vivência de tudo isto, colocá-lo agora no centro da geopolítica mundial, com todos os problemas que temos, acho que Deus não podia ter feito melhor e nós fizemos o que dependia de nós”, traduz.
O cardeal de Setúbal reconhece que Leão XIV pode ser uma “ponte para a paz mundial”: “Pode ser uma mais-valia para aquilo que significa todos os problemas que estão em cima da mesa, não tenho dúvidas, absolutamente nenhuma dúvida disso”.
“O Papa Leão XIV terá uma particular importância e referência da parte de todos os pleias mundiais, naquilo que é a urgência da paz, aliás, como as congregações dos cardeais manifestaram, ainda antes do início do conclave, em relação ao desejo urgente da paz, e o Papa, na varanda da Basílica, também voltou a referir, no seu pronunciamento, várias vezes a questão da paz. Portanto, acho que isso quanto a empenho e a dedicação na centralidade da urgência da paz”, finalizou.
A Missa para a “solene inauguração” do pontificado do Papa Leão XIV vai decorrer a 18 de maio, pelas 10h00 (menos uma em Lisboa), na Praça de São Pedro.
PR/LS