Diretora da Fundação Gonçalo da Silveira destaca capacidade do Papa Francisco em levar as pessoas a acreditarem na mudança
Lisboa, 18 jun 2015 (Ecclesia) – A diretora da Fundação Gonçalo da Silveira (FGS) diz que a nova encíclica do Papa, sobre Ecologia, coloca o dedo na ferida de uma questão tida apenas como “responsabilidade de alguns” e onde imperam os interesses económicos.
Em entrevista concedida hoje à Agência ECCLESIA, Teresa Paiva Couceiro refere que através deste documento Francisco convida a sociedade a fazer uso dos seus recursos “de uma maneira mais integrada e isso pode ser preocupante para quem fomenta o consumo e a riqueza”.
“Pode levar as pessoas a sentirem-se autorizadas, com força para intervir, para acreditar que é possível uma transformação, pode despertar consciências, o que para muitos grupos económicos não será bom”, realça aquela responsável.
Ligada à Companhia de Jesus, a Fundação Gonçalo da Silveira trabalha sobretudo questões relacionadas com o desenvolvimento, a capacitação e cidadania global.
Nesse sentido, encara a encíclica do Papa argentino como “mais um instrumento que a irá ajudar a dialogar com o mundo”.
Ainda recentemente, colaborou no Congo num projeto intitulado “Tecnologia livre de conflitos”, sobre o modo como a busca de mais e mais bens materiais se sobrepõe tantas vezes à preservação da natureza e ao bem-estar das pessoas.
“No Congo, os direitos humanos são completamente postos de parte por causa dos minerais que utilizamos nos telemóveis”, realça Teresa Paiva Couceiro, para quem é preciso “consciencializar as pessoas acerca da maneira como utilizam as coisas”.
Ao mesmo tempo, a Fundação está presente junto das comunidades, das escolas, dos grupos informais, para aí fomentar “um diálogo mais construtivo, integrado, onde a ecologia também tenha um papel preponderante”.
“Os políticos e as pessoas que têm poder e que estão em lugar de responsabilidade têm que conseguir levar a uma transformação nesta relação económica que rege as relações com tudo. E quem vota são as pessoas”, complementa.
Quanto aos católicos, a diretora da FGS considera que eles “têm a responsabilidade reforçada de ler a encíclica e de a pôr em prática”.
Na encíclica “Laudato si. Sobre o cuidado da casa comum”, o Papa Francisco alerta para um planeta, a nossa terra, que devido à degradação ambiental “parece transformar-se cada vez mais num imenso depósito de lixo”.
“Às vezes pensamos que é só uma questão de direito à educação, de direitos humanos, de justiça social, só que não podemos esquecer, como dizia o Papa, esta casa comum que é o mundo. Há sempre uma tendência em dizer ‘qual é que é o ganho’, aqui todos temos a ganhar”, conclui Teresa Paiva Couceiro.
JCP